sexta-feira, 24 de março de 2017


Filmando a Agilidade do Povo

 

                            Fui à padaria, selecionei um produto que viria em bandeja, a moça disse que iria “filmar”, ou seja, passar filme de plástico protetor, o que demorei a perceber. Alguém inventou isso, de usar o verbo destinado ao cinema para significar outra coisa.

                            Há considerável agilidade mental popular e deve mesmo haver, no Brasil, porque aqui estão as elites MAIS CRUÉIS e perniciosas do planeta, como se poderá ver ao verificar os índices de desenvolvimento socioeconômicos brasileiros dos últimos cem anos. Há 100 anos era pior, pouca melhoria aconteceu, relativamente, como se poderá ver pelos dados da FIBGE (Fundação IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), da ONU, que sempre coloca o Brasil de quadragésimo para trás, quando produzimos 2,5 % da riqueza mundial e estejamos, pela produção, em oitavo ou nono lugar. Seria interessante produzir em cada caso índices X – 8, digamos 45 – 8 = 38, mostrando esses atrasos.

                            Embora o povelite ou nação ou cultura brasileira tenha sido beneficiada em tudo pela Natureza (não há terremotos significativos, nem neve, nem maremotos que lancem grandes ondas nas praias, nem tufões, nem vulcões, nem quaisquer transtornos naturais), nada as elites permitiram ao povo ter, como se pode rapidamente perceber ao citar que 80 % (50 % de pobres e 30 % de miseráveis) da população detém somente 20 % da renda nacional, proporção de 1/16 de distância em relação aos ricos.

                            Resistir a essas elites vagabundas e exploradoras não é fácil, demanda grande agilidade mental mesmo, uma capacidade extraordinária de se furtar às superdemandas delas, ao excesso de aproveitamento durante os últimos 500 anos, de modo que, pela lei darwiniana da luta e da sobrevivência do mais apto, seleção psicológica, um dos povos mais fantásticos do mundo está sendo forjado. Não se faz filmes nem se realiza qualquer investigação sobre ele PORQUE não tem as elites daqui alcance sobre o que está acontecendo, nem de longe. Estão passando distante de qualquer enquadramento, enquanto embaixo o povo funde suas características, resolvendo os problemas que lhes darão futuro. E as elites daqui também não são fáceis, ou já teriam sido resolvidas popularmente.

                            Vitória, segunda-feira, 13 de outubro de 2003.

Nenhum comentário:

Postar um comentário