Filmando a Agilidade
do Povo
Fui à padaria,
selecionei um produto que viria em bandeja, a moça disse que iria “filmar”, ou
seja, passar filme de plástico protetor, o que demorei a perceber. Alguém
inventou isso, de usar o verbo destinado ao cinema para significar outra coisa.
Há considerável
agilidade mental popular e deve mesmo haver, no Brasil, porque aqui estão as
elites MAIS CRUÉIS e perniciosas do planeta, como se poderá ver ao verificar os
índices de desenvolvimento socioeconômicos brasileiros dos últimos cem anos. Há
100 anos era pior, pouca melhoria aconteceu, relativamente, como se poderá ver
pelos dados da FIBGE (Fundação IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística) e do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), da ONU, que sempre coloca
o Brasil de quadragésimo para trás, quando produzimos 2,5 % da riqueza mundial
e estejamos, pela produção, em oitavo ou nono lugar. Seria interessante
produzir em cada caso índices X – 8, digamos 45 – 8 = 38,
mostrando esses atrasos.
Embora o povelite ou
nação ou cultura brasileira tenha sido beneficiada em tudo pela Natureza (não
há terremotos significativos, nem neve, nem maremotos que lancem grandes ondas
nas praias, nem tufões, nem vulcões, nem quaisquer transtornos naturais), nada
as elites permitiram ao povo ter, como se pode rapidamente perceber ao citar
que 80 % (50 % de pobres e 30 % de miseráveis) da população detém somente 20 %
da renda nacional, proporção de 1/16 de distância em relação aos ricos.
Resistir a essas
elites vagabundas e exploradoras não é fácil, demanda grande agilidade mental
mesmo, uma capacidade extraordinária de se furtar às superdemandas delas, ao
excesso de aproveitamento durante os últimos 500 anos, de modo que, pela lei
darwiniana da luta e da sobrevivência do mais apto, seleção psicológica, um dos
povos mais fantásticos do mundo está sendo forjado. Não se faz filmes nem se
realiza qualquer investigação sobre ele PORQUE não tem as elites daqui alcance
sobre o que está acontecendo, nem de longe. Estão passando distante de qualquer
enquadramento, enquanto embaixo o povo funde suas características, resolvendo
os problemas que lhes darão futuro. E as elites daqui também não são fáceis, ou
já teriam sido resolvidas popularmente.
Vitória,
segunda-feira, 13 de outubro de 2003.
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