terça-feira, 7 de março de 2017


Eu Me Recordo...

 

                            De Feredico Fellini (diretor italiano de cinema, 1920-1993) nos veio uma obra finíssima, formidável, da qual destacarei Amacord (Eu me Recordo, 1974) que é um doce de filme sobre as lembranças da juventude de Fellini, mas no fundo mesmo é sobre o prazer de ser italiano, de partilhar daquela cultura ou nacionalidade muitas vezes milenar.

                            Por comparação não surgiu no Brasil nenhum diretor ou autor que achasse valer a pena mostrar ao mundo nossas lembranças como autenticáveis, isto é, assistíveis por todos. Muito menos no Espírito Santo, onde vivemos. Será que nada nosso é reverenciável? Não teremos sequer alguns casos que partilharíamos com o mundo humano? Nada que tenha acontecido aqui é suficientemente nobre para merecer os olhares do planeta?

                            Não acredito nisso.

                            Há muitas coisas risíveis, grandes brincadeiras - até no seio de minha família ampla - que nos fazem gargalhar, por exemplo, as que Marcelo Grilo recolheu em Burarama, distrito de Cachoeiro de Itapemirim onde nossas famílias ainda residem. E certamente o Brasil, sendo composto de 5,5 mil cidades, deve ter histórias de 55 mil distritos e muitos milhares de bairros. Quantas e quantas pessoas geraram as mais formidáveis histórias no decorrer desses 500 anos? Delas, muitas poderiam ser contadas, sem que fiquemos imitando os estrangeiros (até filme de faroeste já fizeram no Brasil). Não há satisfação quanto a esta terra nossa? Não há nada que possamos lembrar? Acho que uma quantidade de FILMES DE RECORDAÇÃO poderia ser feita, dum grande número saindo uns tantos que tivessem realmente estatura universal.

                            Vitória, quarta-feira, 06 de agosto de 2003.

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