Embrulhar é a Primeira Propaganda

 

                            No Houaiss digital embrulhar tem sentido de “6. Fazer cair em ilusão; tapear, enganar”, mas o verbo é usado também para “fazer embrulho”, empacotar, embalar.

                            De modo que a propaganda também é uma forma de iludir, tapear, enganar, empacotar, embalar o produtor, de forma a torná-lo vistoso e atrativo, independente do julgamento de sua utilidade definitiva e da sua resistência temporal ao uso continuado. Como já dito, a propaganda tem duas dimensões pares polares opostas/complementares de soma zero 50/50, tanto boa quanto ruim.

                            Como eu já disse, quando falei da construção dos títulos, eles são fundamentais, porque são eles que atraem para os conteúdos dos artigos. Os títulos têm poucas palavras, cinco ou seis no máximo, enquanto os artigos podem ter 400, 800, 1200. Então, o leitor deve ser atraído pelo brilho, pelas cores exteriores do título, assim como o que está dentro da caixa preta do produto deve ser elevado pela sua manifestação ou exterior ou superfície ou imagem, o que está fora. Pode ser que depois o leitor se decepcione, mas pelo menos ELE DEVE SER COLOCADO DENTRO DO ARTIGO. Depois decidirá se sucessivamente aquele articulista ou crítico merece crédito para outras leituras, mas no primeiro momento isso é verdadeiro, a necessidade de atração sentimental; porisso muitas vezes até o destino das vendas dos livros dependem dos títulos, como tantas vezes já aconteceu – de um novo título vender dez vezes tanto quanto o título anterior, sem mudar em nada o conteúdo.

                            Há gente que tem facilidade tanto em escrever quanto em arranjar títulos convenientemente atrativos, mas há outros com dificuldade de escolher títulos, de forma que faria sentido ter outro pessoal escolhendo-os, lendo o artigo para colocar o melhor título nele. De fato, o modelo fala numa distribuição do tipo 2,5 + 47,5 + 47,5 + 2,5 % porcentos de modo que só 1/40 de todos os seres terão facilidade extrema de escolha.

                            Eu, por exemplo, nunca aceito que mudem meus títulos, mas pelo menos 50 % vão necessitar de ajuda, que as empresas podem proporcionar (e essa gente não deveria recusar).

                            Vitória, terça-feira, 21 de outubro de 2003.