Duplo Erro
Já é um erro enorme
estabelecer prêmios, que destacam uns em detrimento de outros e, colocando
distância, dificultam e atrasam a aproximação das pessoas para a igualdade
plena. Tenho me batido aqui nestes textos contra prêmios de toda espécie,
inclusive esses das Olimpíadas e certames esportivos.
O Prêmio Nobel da
Paz deste ano de 2003 está sendo cotado para o Papa João Paulo II, Vlacav Havel
e Luís Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil, por mais que isso nos deixe
pasmados. A justificativa muito falha para Lula é que ele mostrou INTENÇÃO de
acabar com a pobreza. De intenções o inferno está cheio. É como se a cozinheira
cozinhasse na intenção de alguém de ter feito uma panela. Em primeiro
lugar não se pode acabar com a miséria e a pobreza PORQUE elas são definições
estatísticas e sempre vai haver uma esquerda e uma extrema esquerda. Cristo já
dizia isso: “pobres sempre os terei convosco”. Então, Lula já parte de uma
mentira, pois impossibilidade.
Vlacav Havel é quase
desconhecido. Nós encenamos lá por 1977 uma peça dele, quando então era apenas
um intelectual opositor do regime na antiga Tchecoslováquia, agora dividida em
Eslovênia e República Tcheca, que ele governou faz alguns anos. No que Havel
contribuiu para a paz do mundo? Já que é evidente que se trata disso, de
contribuição para o fim da guerra, a constituição da paz. É isso que deveria
guiar os premiadores.
Já João Paulo, que
pese eu não ter gostado disso, ajudou firmemente a acabar com a URSS, o que terminou
com a Guerra Fria, já que retirou um dos lados do palco mundial, deixando só a
flecha azul, os EUA, como venho falando há tanto tempo. Ainda que a contragosto
meu, ele de fato contribuiu para a paz, que é a condição básica de ganhar o
prêmio.
Com tal erro duplo a
Academia sueca mostra nitidamente que é uma farsa política, pelo menos nessa
versão (porque nas outras os ganhadores devem ter feito prova tangível).
Vitória,
sexta-feira, 10 de outubro de 2003.
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