domingo, 26 de março de 2017


Dublê de Corpo

 

                            O Alegria, que vende água de coco e é nosso amigo, no decorrer da conversa disse que se alguém nos atacasse deveríamos dizer: “meu corpo está ali”, ou seja, ele serviria de anteparo, e daí me veio a idéia de que os guarda-costas são dublês de corpo, corpos substitutos, postos diante de outros para morrer por eles. É claro que muitas vezes é por dinheiro, é por pagamento, mas quem dos outros ofereceria seu corpo à morte por outrem?

                            É preciso algum desprendimento para oferecer-se assim, é ou não é? Fico estarrecido que a dedicação de alguns camaradas, através de toda a geo-história, seja tão grande a ponto de eles oferecerem suas vidas pelos contratantes (pode ser até pagamento em amizade e em geral é mais por amizade e senso de dever que por qualquer outra coisa), como já vimos tantas vezes em filmes e contado tantas outras em livros.

                            Até mesmo os dublês de cinema, que colocam seus corpos a serviço dos filmes são criaturas admiráveis, porque não é fácil sentir dor (se fosse ela não existiria, porque não serviria de aviso AGUDO, grave).

                            Que mundo tão admirável pode ser este, que a par de gente tão ruim tenha gente tão boa!

                            Fica aqui a saudação a todos eles (e elas).

                            Vitória, sábado, 18 de outubro de 2003.

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