Brincando de
Aviãozinho
Li ontem que os
militares estão para comprar da Suécia ou da França ou da Rússia ou dos EUA US$
8 bilhões em aviões e ninguém os contesta da utilidade dessas coisas. Esse
valor não comporta juros ou correção monetária, porque certamente será dinheiro
emprestado interna ou externamente pelo governo federal que pagaremos depois a
alto custo. Isso, é claro, a SAAB sueca promete, será feito com “transferência
de tecnologia”, mas não da tecnociência implícita. Será uma receitinha qualquer
para nós fingirmos que estamos de posse de conhecimento superior. Os F-16 dos
EUA custam cerca de 25 milhões de dólares cada, de modo que é toda uma frota,
8.000/25 = 320 deles – não é pouco, de jeito nenhum, ainda mais se tivermos de
contar depois treinamento, bases, reparos, manutenção -, tudo para os
brigadeiros brincarem de aviãozinho, não contando também que o Exército e a
Marinha exigirão do Ministério da Defesa contrapartida a esse reforço da
Aeronáutica.
E a essas todas o
povo pagando, porque as elites não pagam um centavo de tributos, é sempre o
povo, aqueles 80 % de pobres e miseráveis (mais de 140 milhões de indivíduos
habitantes dos “tristes trópicos”) que ficam com 20 % da renda nacional.
Em vez de seguir a
trilha dos ricos do primeiro mundo e dos médios-altos do segundo, porque o
Brasil não inventa seu próprio caminho e desenvolve métodos e CONHECIMENTOS DE
DEFESA (mágicos/artísticos, teológicos/religiosos, filosóficos/ideológicos,
científicos/técnicos e matemáticos) genuinamente brasileiros, tropicais,
terceiro-mundistas? Por quê os generais, os brigadeiros, os almirantes e seus
subordinados não são capazes de pensamento autônomo e independente e estão sempre
seguindo os estrangeiros? Se eles inventam os aviões não terão colocado neles dispositivos
que os desarmem? Eu colocaria. Não venderia armas para quem pudesse me atacar
sem colocar nelas subprogramas desagregadores de potência delas.
Que defesa é essa
que não passa pela autonomia?
Se eu desejasse
defesa FARIA DE TUDO para examinar autonomamente, independentemente, todas as
palavras do dicionário. O que estão fazendo as Forças Armadas que não vêem
isso?
Não consigo entender
que me ofereçam uma defesa tão fraca, débil, dependente e ainda queiram
aplausos.
Vitória, sexta-feira,
03 de outubro de 2003.
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