terça-feira, 21 de março de 2017


Brincando de Aviãozinho

 

                            Li ontem que os militares estão para comprar da Suécia ou da França ou da Rússia ou dos EUA US$ 8 bilhões em aviões e ninguém os contesta da utilidade dessas coisas. Esse valor não comporta juros ou correção monetária, porque certamente será dinheiro emprestado interna ou externamente pelo governo federal que pagaremos depois a alto custo. Isso, é claro, a SAAB sueca promete, será feito com “transferência de tecnologia”, mas não da tecnociência implícita. Será uma receitinha qualquer para nós fingirmos que estamos de posse de conhecimento superior. Os F-16 dos EUA custam cerca de 25 milhões de dólares cada, de modo que é toda uma frota, 8.000/25 = 320 deles – não é pouco, de jeito nenhum, ainda mais se tivermos de contar depois treinamento, bases, reparos, manutenção -, tudo para os brigadeiros brincarem de aviãozinho, não contando também que o Exército e a Marinha exigirão do Ministério da Defesa contrapartida a esse reforço da Aeronáutica.

                            E a essas todas o povo pagando, porque as elites não pagam um centavo de tributos, é sempre o povo, aqueles 80 % de pobres e miseráveis (mais de 140 milhões de indivíduos habitantes dos “tristes trópicos”) que ficam com 20 % da renda nacional.

                            Em vez de seguir a trilha dos ricos do primeiro mundo e dos médios-altos do segundo, porque o Brasil não inventa seu próprio caminho e desenvolve métodos e CONHECIMENTOS DE DEFESA (mágicos/artísticos, teológicos/religiosos, filosóficos/ideológicos, científicos/técnicos e matemáticos) genuinamente brasileiros, tropicais, terceiro-mundistas? Por quê os generais, os brigadeiros, os almirantes e seus subordinados não são capazes de pensamento autônomo e independente e estão sempre seguindo os estrangeiros? Se eles inventam os aviões não terão colocado neles dispositivos que os desarmem? Eu colocaria. Não venderia armas para quem pudesse me atacar sem colocar nelas subprogramas desagregadores de potência delas.

                            Que defesa é essa que não passa pela autonomia?

                            Se eu desejasse defesa FARIA DE TUDO para examinar autonomamente, independentemente, todas as palavras do dicionário. O que estão fazendo as Forças Armadas que não vêem isso?

                            Não consigo entender que me ofereçam uma defesa tão fraca, débil, dependente e ainda queiram aplausos.

                            Vitória, sexta-feira, 03 de outubro de 2003.

Nenhum comentário:

Postar um comentário