As Mãos do Lula
Nascido Luís Inácio
da Silva, o Lula foi acrescentado porque é apelido de Luís e todo mundo o
chamava assim, virou marca eleitoral. Operário do ABC paulista vindo do
Nordeste, nascido em 1945 em Garanhuns, Pernambuco, ele atingiu a presidência
na ponta das propagandas do PT (Partido dos Trabalhadores, fundado em 1979) em
2002, tendo sido diplomado em primeiro de janeiro de 2002. O PT é diligente,
tem uma base forte e disciplinada, conspiradora, batalhadora, que “luta até o
último homem” (e mulher) por suas crenças, de forma que depois de três derrotas
Lula chegou lá.
Mal foi empossado e já
surgiram vários livros e filmes sobre ele, que foi indicado para o Prêmio Nobel
da Paz e vem sendo bajulado como nenhum presidente antes. Isso, em parte, vem
do povo, porque há satisfação em ver lá um dos seus, mas vem das elites
amedrontadas também, que esperavam uma atuação revolucionária devastadora e
viram chegar ao poder na realidade um agente a mais do Escritório do Capital, e
muito incontido, ainda por cima, no festival de distribuição de cargos e
benesses aos amigos, tanto do PT quanto dos outros partidos (mais de 50 mil cargos
federais, fora os arranjos estaduais e municipais/urbanos). Esperando um
revolucionário e deparando com um conservador cheio de manhas e anúncios
bombásticos e falsos (veja a Fome Zero, enorme propaganda tendenciosa), as
elites do TER, os terratenentes brasileiros, os donos da socioeconomia estão no
paraíso, consagrados pela continuidade, até porque o povo foi iludido por Lula
e pelo PT; assim alegres eles só faltam carregar Lula no colo em cama de
flores.
Enfim, tudo é festa
e prazer, por enquanto.
Assim bajulado,
lisonjeado, Lula mostra as mãos constantemente, como se fosse um super-herói
que será fotografado constante e continuamente, o que é mesmo, pelos fotógrafos
da burguesia gratificada da mídia. Como se estivesse sendo sagrado campeão ele
(e o governador atual do ES) mostra as mãos, sem esquecê-las e a si mesmo
sequer por um segundo, deliciado de tanta evidência. A classe proletária foi ao
paraíso, como viram os italianos há tantos anos; afinal, a experiência em
decepções dos europeus é muito mais antiga e dolorosa que a nossa.
Acho que um
documentário deveria ser feito sobre as mãos do Lula, ao final do (s) mandato
(s), junto com a lista dessas decepções.
Vitória,
segunda-feira, 13 de outubro de 2003.
Nenhum comentário:
Postar um comentário