domingo, 19 de fevereiro de 2017


Ruptura e o Mundo Angélico

 

                            De acordo com a Rede Cognata modelo = RUPTURA = ESTUDO = MOLDE = MORTE = RASTRO = RAPTO, muitas coisas. Uma dessas diz que existe uma ruptura, um rompimento, um largo fosso entre uma e outra banda, um e outro lado do precipício, entre o agoraqui e o depois.

                            De dentro eu posso saber, porque me lembro do que escrevi, e da importância daquilo, sem qualquer gênero de orgulho, até com um pouco de aborrecimento por não ter sido outro, ao qual eu aplaudiria frenética e duplamente, primeiro por ter sido feito e segundo por ter me poupado o sofrimento.

                            De dentro eu sei muito bem, sem modéstia alguma.

                            De fora as pessoas em geral não percebem, nem remotamente, menos umas poucas, com as quais falei ou que tiveram o interesse de ler os textos que passei. Foram poucas, foram críticas, foram destrutivas.

                            Então, para começar o diálogo, há um fosso, assumido como útil, mesmo se por acaso, totalmente contra a minha vontade original, houver comoção de qualquer e todo gênero. Isso não era desejável, embora em si mesmo distúrbios sejam levados à conta do inevitável. Não deveria ser inevitável, deveria ter sido evitado, e teria sido se eu tivesse sido mais competente e as pessoas mais amorosas.

                            Agora, tal fosso nos coloca o quê?

                            De um lado, do lado de cá, ANTES DE TER ACONTECIDO, o assombro de estar diante da possibilidade, sem saber exatamente o módulo ou dimensão de sua potência, se é meramente um soluço cósmico ou um grande grito. Do lado de lá, o olhar para trás e pensar como vivíamos sem o controle remoto, o computador, a pasta e a escova de dentes, o que é condescendência de civilizado.

                            Mas, em todo caso, há o fosso, há esse rompimento, esse não reconhecer o que era antes, o susto de ter vivido daquele modo, como pensaríamos agora o que teria sido viver no mundo pagão, sacana, sem respeito à civilidade DOS OUTROS, pois a nossa está sempre implícita – isto é, os outros é que são criticáveis e impedem a aproximação.

                            Há, sem dúvida alguma, na proposta da Rede Cognata (veja Livro 2, Rede e Grade Signalíticas), isso do salto, da transposição, o choque da passagem, os ritos de multiplicação de algo e de negação dos elementos mais antigos. Do lado de cá o mundo infernal, do lado de lá o mundo angélico, não parecendo possível que de um derive o outro, mas isso sendo inteiramente verdadeiro. Como é que anjos podem descender de demônios? Só podemos entender que uns estão dentro de outros, bastando tirar a capa infernal, que é o que o modelo pirâmide fará, segundo penso.

                            Como utilidade, podemos ter tanto o processo como o PRÉ-ANÚNCIO DO PROCESSO, o que é deveras vantajoso, desde que a gente possa olhar o que vai acontecer, preparando os instrumentos do olhar, de modo a registrar as passagens com o máximo de utilidade para os futuros estudiosos. Essa preparação também é uma ruptura, o anúncio dos acontecimentos antes deles serem fatos.

                            Vitória, terça-feira, 13 de maio de 2003.

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