Reformulação do
Direito
Estava conversando
com o colega fiscal EG (ele é bacharel em direito) no PF de José do Carmo,
Santa Cruz, divisa do ES/RJ, sobre a questão que coloquei de o Direito ser uma
das psicologias. De fato, vejamos que a Psicologia (figuras ou psicanálises,
objetivos ou psico-sínteses, produções ou economias, organizações ou
sociologias, espaçotempos ou geo-histórias) geral é tudo que diga respeito às
almas.
Em particular,
então, ele pode ser referido a todos os elementos do modelo, digamos à ECONOMIA
(direito agropecuário/extrativista, direito industrial, direito comercial,
direito dos serviços e direito bancário). Pode se referir às 22 (descritas até
agoraqui) tecnartes, por exemplo, decoração, instituindo as margens operacionais
dela e os reflexos interpretativos.
Pode falar da
mesopirâmide: direito das PESSOAS (dos indivíduos, das famílias, dos grupos e
das empresas) e direito dos AMBIENTES (dos municípios/cidades, dos estados, das
nações, do mundo ou internacional). Pode falar dos níveis (direito do povo,
direito das lideranças, direito dos profissionais, direito dos pesquisadores,
direito dos estadistas, direito dos santos e sábios, direito dos iluminados –
como patamares interpretativos). Pode valer-se do Conhecimento (Magia/Arte,
Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática) para
estabelecer-se, e pode falar desses vértices, em particular da pontescada
tecnocientífica, em especial da pontescada científica (Física/Química,
Biologia/p.2, Psicologia/p.3, Informática/p.4, Cosmologia/p.5, Dialógica/p.6),
usando a Psicologia para melhorar sua PERCEPÇÃO DE MUNDO.
Mas, sobretudo, o
direito reformulado teria de ver-se como pelego, a pele amaciadora de tensões
colocada entre o cavaleiro burguês e o cavalo popular do qual se extrai marcha
e serviço, aqueles despossuídos, ou, agoraqui, os mal-possuídos que são
sangrados para atendimento das necessidades alheias. É um sistema de molas que
se coloca enquanto exegese distanciada entre os que pressionam e os que são
pressionados. Idealmente ele seria capaz, esse Direito geral, de se ver como o
condicionador psicológico que é, o arrumador de casa, o que limpa ou varre as
sujeiras, o diplomata que acomoda as feridas necessárias ao trânsito da
burguesia, o faz-tudo que salva as aparências; e aí, vencidas as hipocrisias,
readquirido autodomínio pelo afastamento das auto-ilusões alienantes, cumpriria
sem remorsos seu serviço de classe. Limpa e corretamente, como o carrasco de
classe, sem aqueles trejeitos elegantes dos juizes que se imaginam mesmo “da
Justiça”, esta em maiúscula que indicaria o divino equilíbrio, longe do qual
estamos, com tal distribuição de rendas e benesses civilizatórias - os que
lidam com o Direito geral se assumiriam serventuários de classe.
A partir de então,
vendo seu reflexo real no espelho como invertido do que imaginam ser, poderiam
ver-se como realmente são, e mudar, aproximando-se mais da Justiça verdadeira.
Tal processo começaria
por ver o Direito como Psicologia, como DEFINIDOR INSTRUMENTAL DA ALMA, ou
seja, do espaçotempo do racional, com tudo de materialmente prático a que isto
está ligado. O advogado, o promotor, o procurador, o juiz, o desembargador e
todo mundo que lida com o Direito é, NÃO PODE DEIXAR DE SER, um psicólogo. São
psicólogos, todos eles, cuidam das almas, das racionalidades, facilitando ou
dificultando o trânsito pela Vida-racional. E de fato instituíram uma REDE
PSICOLÓGICA monstruosa na qual os seres humanos não podem mais transitar, sem
seus conselhos e dúvidas (e dívidas com custas e custos, as sucumbências dos
contrastes), e perante a qual são os sacerdotes que falam com o Olimpo
Jurídico, distante monte no qual transitam os seres mais-que-humanos a quem
todos os demais servem, de um modo ou de outro. Isso deve ser temperado, pela
simples admissão de seu serviço humano geral, especialmente ao futuro, e
rebaixado ao nível coletivo. Errado em tantas coisas, Antônio Carlos Magalhães,
ACM, Toninho Malvadeza, estava certo em castigar a arrogância do Juizado, os
juizes em particular e seu coletivo.
É preciso que eles
se vejam como psicólogos, porque só assim raciocinarão se estão levando as
almas humanas pelo caminho certo ou pelo caminho errado.
Vitória,
sexta-feira, 06 de junho de 2003.
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