quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017


Que Geladeira Cara!

 

                            O clorofluorcarbono ou CFC é composto, como diz o nome, de cloro, flúor e carbono, e disperso na atmosfera ataca as moléculas de ozônio, O3, que nos protegem dos letais raios destrutivos vindos do Sol e das estrelas. Uma só molécula de CFC destrói muitas de ozônio, o que acabou por abrir um buraco na atmosfera (denominado na ecologia BURACO NA CAMADA DE OZÔNIO) sobre a Antártica maior do que a área do Brasil. Proibido pelas convenções internacionais, sua presença diminuiu e com isso o tamanho do buraco, o que alegrou os cientistas e o mundo inteiro. Mas recentemente, conforme notícia da mídia, parte do buraco transferiu-se para a Europa, começando a causar danos por lá. Enquanto estava num lugar remoto e desabitado não preocupava muito a ninguém, ao passo que agora será um “Deus nos acuda”.

                            Tudo isso começou com o uso do CFC em várias aplicações, inclusive nos compressores das geladeiras para resfriamento interno. Geladeiras são deliciosas, quem tinha primeiro se sentia no paraíso, podem manter os alimentos a salvo das bactérias e obter a qualquer momento do dia ou da noite água gelada e gelo era algo só permitido aos reis de antigamente, de modo que as famílias se sentiam no Céu nas décadas de 30, 40, 50 e 60 nos EUA e depois no mundo inteiro. Ter geladeira ficou sendo o propósito de cada família na Terra, não mais sinal de status mas meramente de pura humanidade, de pura racionalidade – não ter era o equivalente a não ser humano, não estar entre os aquinhoados com a dignidade da razão.

                            O modelo diz que a soma é zero, os números se conservam plenamente no universo formado, de modo que toda aquela felicidade está sendo paga agora, a grande custo humano e planetário, em termos de mutações, de fusão dos gelos (a  área da Antártica diminuiu 25 % desde o Ano Geofísico em 1957), de alagamentos (as ilhas de têm apenas alguns metros de altitude na Polinésia estão ameaçadas de desaparecimento no fundo do mar – uma polêmica tremenda, com justos pedidos de socorro), de tormentas (nos últimos dez anos houve maior número do que num século inteiro antes). Nossos avós e pais gozaram, nós estamos pagando o preço, e o mesmo promete acontecer com nossos atos tresloucados.

                            É, a felicidade civilizatória não é de custo zero, ela tem tremendo impacto no futuro.

                            Vitória, sábado, 07 de junho de 2003.

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