Que Geladeira Cara!
O clorofluorcarbono
ou CFC é composto, como diz o nome, de cloro, flúor e carbono, e disperso na
atmosfera ataca as moléculas de ozônio, O3, que nos protegem dos
letais raios destrutivos vindos do Sol e das estrelas. Uma só molécula de CFC
destrói muitas de ozônio, o que acabou por abrir um buraco na atmosfera (denominado
na ecologia BURACO NA CAMADA DE OZÔNIO) sobre a Antártica maior do que a área
do Brasil. Proibido pelas convenções internacionais, sua presença diminuiu e
com isso o tamanho do buraco, o que alegrou os cientistas e o mundo inteiro.
Mas recentemente, conforme notícia da mídia, parte do buraco transferiu-se para
a Europa, começando a causar danos por lá. Enquanto estava num lugar remoto e
desabitado não preocupava muito a ninguém, ao passo que agora será um “Deus nos
acuda”.
Tudo isso começou
com o uso do CFC em várias aplicações, inclusive nos compressores das
geladeiras para resfriamento interno. Geladeiras são deliciosas, quem tinha
primeiro se sentia no paraíso, podem manter os alimentos a salvo das bactérias
e obter a qualquer momento do dia ou da noite água gelada e gelo era algo só
permitido aos reis de antigamente, de modo que as famílias se sentiam no Céu
nas décadas de 30, 40, 50 e 60 nos EUA e depois no mundo inteiro. Ter geladeira
ficou sendo o propósito de cada família na Terra, não mais sinal de status mas
meramente de pura humanidade, de pura racionalidade – não ter era o equivalente
a não ser humano, não estar entre os aquinhoados com a dignidade da razão.
O modelo diz que a
soma é zero, os números se conservam plenamente no universo formado, de modo
que toda aquela felicidade está sendo paga agora, a grande custo humano e
planetário, em termos de mutações, de fusão dos gelos (a área da Antártica diminuiu 25 % desde o Ano
Geofísico em 1957), de alagamentos (as ilhas de têm apenas alguns metros de
altitude na Polinésia estão ameaçadas de desaparecimento no fundo do mar – uma
polêmica tremenda, com justos pedidos de socorro), de tormentas (nos últimos
dez anos houve maior número do que num século inteiro antes). Nossos avós e
pais gozaram, nós estamos pagando o preço, e o mesmo promete acontecer com
nossos atos tresloucados.
É, a felicidade
civilizatória não é de custo zero, ela tem tremendo impacto no futuro.
Vitória, sábado, 07
de junho de 2003.
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