terça-feira, 21 de fevereiro de 2017


Propaganda de Si

 

                            Minha vida inteira vi e ouvi as pessoas (indivíduos, famílias, grupos e empresas) fazendo propaganda de si, especialmente na adolescência, quando os homens estamos cantando as mulheres, na coorte sexual tradicional e às vezes muito inventiva.

                            Bom, isso não seria motivo para uma matéria, mas o estudo comparado dos métodos, sim, e o alcance das promessas enquanto resultados mais ainda. O que as promessas conseguem obter, o mais das vezes com as mais deslavadas mentiras (a ponto de o iluminado Luís Fernando Veríssimo ter escrito o livro As Mentiras que os Homens Contam)?

                            E seria definitivamente mais interessante comparar essa criatividade e as mentiras que em geral lhe estão associadas com as técnicas e artes da Propaganda, vendo a esta como sucesso profissional, artificial, das mentiras, e a propaganda de si como NATURAL TENDÊNCIA à absorção do alheio mediante avultamento real ou fictício de presumidas capacidades. Perguntando de outro modo: como é que as pessoas assumem essa capacitação crescente de fazer das falsificações meio de tomar vida e produção alheia (seja o corpomente produzido pelas mulheres – que respondem com simulações variadas, inclusive camuflagem, como já disse -, seja qualquer artifício)? O que na fita geral de herança socioeconômica é transmissão, é admissão, é estimulação, é aceitação das mentiras e das propagandas de si?

                            Saber sobre essa técnica sociológica é importante, PORQUE aprenderemos a ver quanto, da totalidade, é devido a embustes e autopromoção.

                            Quão mentirosa é nossa coletividade? Quão propagandística é?

                            Vitória, quinta-feira, 22 de maio de 2003.

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