segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017


O Dia a Dia do Super-Homem

 

                            Criado por Jerome Siegel em 1933, nos EUA, está fazendo 70 anos de divertimento da humanidade, com revistas inumeráveis, muitos filmes, uma estória vitoriosa. Já foi abordado de mil maneiras diferentes. Naturalmente veio da afirmação de Nietzsche de que a humanidade iria até o super-homem, o mais-que-o-homem, o super-humano, na realidade (e é o que o modelo indica, de modo distinto).

                            Sempre abordam o SH do ponto de vista dos superpoderes, nunca da vida trivial, daquelas coisas que todos fazemos. É sabido das estórias que o SH não se alimenta, não dorme (mas faz sexo, com a Lois Lane, com quem finalmente se casou, depois de décadas de namoro). O que o SH faz com as oito horas em que todos estamos dormindo? Tem um supercorpo, todos podemos ver, mas terá também uma supermente? Sua supervelocidade significa também superleitura? Se tem um supercorpomente, como faz para exercitá-lo? Em outros termos, qual é a academia onde o SH malha? Se tem uma supermente, quanto da mídia (TV, Rádio, Revista, Jornal, Livro e Internet) consome por unidade de tempo? Numa das estórias ele foi mostrado assistindo simultaneamente 500 canais de TV.

                            Em Smalville (nas revistas, Pequenópolis), a nova série em que ele é mostrado adolescente, pré-adulto e pré-jornalista do Planeta Diário em Metrópolis (a mãe-das-cidades, significando Nova Iorque), algumas coisas corriqueiras são mostradas, mas falta muito para o nosso gosto.

                            Clark Kent não é mostrado fazendo estripulias, travessuras, brincadeiras, gozações, contando piadas, se divertindo (bondosamente, claro) à custa dos outros, construindo coisas esquisitas (pois ele possui o super-dicionárioenciclopédico de Krypton, seu planeta natal, que veio com ele na nave espacial que o trouxe, depois implantado na Fortaleza da solidão, no Ártico), tendo conflitos de crescimento, ânsias de esganar os adversários, etc.

                            Enfim, o lado humano de CK não é mostrado, ao contrário do de Jesus Cristo, JC, este super-humano real. Ficamos só com as supercoisas, nada do dia-a-dia, o que vem a ser um aborrecimento. Aí está motivo para um filme piloto e toda uma série posterior.

                            Vitória, sábado, 24 de maio de 2003.

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