O Avanço da Confiança
De uma estimativa de
diferença entre os chimpanzés e nós de 3 % (97 % de semelhanças no ADRN)
passaram agora a 0,4 % (99,6 % de afinidades); como disse antes, repito agora
que isso, montado como acordo crescente de PESSOAS (indivíduos, famílias,
grupos, empresas) e de AMBIENTES (municípios/cidades, estados, nações e mundo),
veio a dar nessa superpotência humana que vemos agoraqui.
Se inicialmente a
distinção se deveu a alguma construção fortuita no ADRN dos sapiens, dos
cro-magnons, depois a pequeníssima diferença abriu as possibilidades de
ajuntamento crescente, de gregarismo.
Veja o que diz o Atlas da História do Mundo, São Paulo,
Folha, 1995, original do The Times de 1993, p. 34: “O sucesso dos que faziam a
caça e a coleta dependia de inteligência e destreza manual, bem como da
capacidade de trabalhar em conjunto e confiar uns nos outros”,
negrito e colorido meus. A confiança significou essa abertura, a que veio se
somar a língua como chave para a memória exterior, o que quer dizer, como
mínimo, que cada ser humano poderia usar AS DEMAIS MENTES como biblioteca de
processos que rodassem os produtos que fossem inventados.
Veja na página 38:
“Os últimos 10 mil anos, quando prevaleceram as atuais condições climáticas,
são apenas a última de uma dezena ou mais de fases que interromperam a Idade do
Gelo. Este
período assistiu a uma explosão sem precedentes do número de seres da espécie
humana e seu impacto no mundo. No ano 8000 a.C. havia ainda pequenos
bandos de homens que caçavam e colhiam, com estilo de vida pouco diferente de
seus predecessores de 100 mil anos antes. Mas, nos 2 mil anos seguintes
vilarejos consideráveis surgiram em certas regiões; nos 2 mil anos subseqüentes
já havia cidades; 2 mil anos mais tarde as cidades-Estado viraram impérios; 2
mil anos depois, bases tecnológicas foram estabelecidas para realizações que
nos mais recentes 2 mil anos incluíram a imprensa, energia atômica e a primeira
ida do homem à Lua. Esta aceleração no desenvolvimento humano poder ser atribuída
ao início da agricultura – a alteração deliberada de sistemas
naturais para promover a abundância de uma espécie ou conjunto de espécies”.
Certo, a agricultura
e a pecuária, a partir daí, mas o que levou a desejar a expansão da agricultura
e da pecuária? Foi o crescimento das populações a atender. Ninguém se daria ao
trabalho de expandir as lavouras e a criação doméstica se não fosse para
alimentar um contingente crescente de gente. Portanto, na origem estava o
crescimento populacional, que vem de confiarmos mais uns nos outros.
Primeiro de tudo
estava a confiança, depois veio o crescimento populacional, significando a
aceitação de mais criaturas vivas competidoras por alimentos no mesmo nicho
espaçotemporal, com ela a necessidade de uma agropecuária mais produtiva.
A que devemos
atribuir a abundância agropecuária senão à abundância da confiança humana? Foi
ela que permitiu o crescimento acelerado da psicologia humana geral, foi ela
que nos fez definitivamente diferentes de nossos primos. Foi o fato de
confiarmos mais uns nos outros, como disse Jesus, noutras palavras (“amai-vos
uns aos outros como eu vos amei”): confiai uns nos outros como eu confiei em
vós.
E é essa mesma
confiança que a antiglobalização quer minar, evitando a expansão humana rumo a
problemas maiores por resolver, por solucionar. Sem novos e maiores problemas
não iremos ao futuro PORQUE, como já mostrei, o futuro significa principalmente
solução de problemas e resistência, o que só se consegue fazer crescer
geometricamente com base na exponencialização da confiança.
Vitória,
segunda-feira, 02 de junho de 2003.
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