sábado, 18 de fevereiro de 2017


Kaio Murath

 

                            Nunca tinha ouvido falar, mas consta da Conhecer (São Paulo, Abril, 1967), Dicionário Enciclopédico, p. 403, que esse Kaio Murath (leríamos agora como Caio Murad) inventou na Pérsia, em 3700 a.C. uma roca rudimentar, sendo um dos primeiros “inventores malucos”, como são chamados no Brasil, terra de civilização de fundo português que despreza o trabalho, porque as elites vivem dos esforços alheios.

                            E lá, longinquamente, há 5,7 mil anos, um camarada qualquer se sentou e pensou em utilidade para outrem. Isso foi antes da invenção da escrita, que se deu na Suméria lá por 5,5 mil anos atrás, por volta de 3,5 mil antes de Cristo. Apenas em 2700 a.C. é que Tsang-chie inventou na China o pincel para escrever. Evidentemente ninguém comemora isso como um ato de libertação e o conjunto das invenções como um dos índices mais importantes de humanização, especialmente no Brasil.

                            Fora daqui as invenções são reconhecidas e aplaudidas, rendendo milhões aos seus autores, ao passo que no Brasil todos, empresas e governos, educadores e gente comum tratam de zombar e apelidar de asneira a dedicação dos inventores, prometeus que continuam acorrentados aos preconceitos brasileiros.

                            Creio que já passou da hora de dar a várias medalhas o nome desses distintos inventores do passado remoto, onde quer que eles tenham existido.

                            Vitória, sexta-feira, 16 de maio de 2003.

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