Formidável Ferdinando
Al Capp (Alfred
Gerald Caplin, americano, 1909 a 1979) inventou o Ferdinando Buscapé (Li’l Abner, no original americano) em 1934. No
Brasil saía n’O Globo e meu tio Alvacy Perim lia sempre, divertindo-se muito. Saía também no Gibi e em revistas próprias,
que comprei ou ganhei e li, dando todas, não sobrou nem umazinha, para grande
arrependimento meu; hoje gostaria de ter as coleções integrais de todas aquelas
revistas maravilhosas – seria um grande prêmio, um maravilhoso presente. Veja-se
o que se pode fazer aos 25 anos, após peregrinar de sindicato em sindicato (as
instituições que controlam a cessão dos quadrinhos aos jornais, em tiras
desenhadas e publicadas diariamente, como se faz em toda parte, em particular
no Brasil, só que aqui a partir de cada autor isoladamente).
Era formidável.
Havia uma Baixa Eslobóvia que representava a União Soviética. Brejo Seco era a
caricatura dos EUA mais atrasado, das regiões do meio-Oeste onde a nação era
arcaica e até retrógrada. A instituição do Dia da Maria Cebola, em que as
mulheres saíam à caça dos maridos, e uma quantidade de situações
divertidíssimas encantavam. Imagine que durou de 1934 a 1979 - o autor morrendo
depois de desenhar uma última tira -, portanto, por 45 anos, vezes 365,25 dias,
quase 16,5 mil dias de divertimento para milhões de pessoas. Individual ou
coletivamente os quadrinistas deveriam receber um Prêmio Nobel da Paz, pelo
muito que fizeram para que ríssemos e esquecêssemos nossos ódios e frustrações.
Ou vários, pelo tanto que nos deram de alegrias.
Ridicularizando os
que se supõe grandes demais perante a humanidade, zombando das instituições,
esses autores devem ser estudados pela Academia, o conjunto das universidades,
que perde tempo em coisas idiotas. Quantos foram eles? Quantas tiras
produziram? Por quanto tempo, cada qual e juntos?
Como curiosidade, o
Al Capp estava na faixa dos 80 % de absorção das rendas pelo IR americano e
procurava ficar nisso, para não chegar na seguinte, de 93 %, enquanto no Brasil
reclamamos de 15 % (e os ricos nada pagam).
Vitória, domingo, 08
de junho de 2003.
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