Falta uma Filosofia
Demonstrativa
No livro de Mário
Ferreira dos Santos (São Paulo, IBRASA, 2000, Pitágoras e o Tema do Número), p. 73: “Mas até este ponto ainda não
se caracteriza a contribuição do pensamento pitagórico. Sabemos que havia uma
forte dose de cepticismo entre os gregos e Pitágoras trouxera para os gregos as
grandes contribuições da matemática, da física e das artes. E, ante esses, é
natural que demonstrasse os seus conhecimentos e procurasse provar as suas
teses. Não é sem fundamento que se atribui a Pitágoras a fundação da geometria
baseada em teoremas demonstrados. Nem só na matemática, mas também na filosofia
ele expunha aos iniciados as razões de suas teses, demonstrando-as”.
De todo Conhecimento
(Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e
Matemática) deveríamos esperar as demonstrações, em primeiro lugar índice de
confiança no povo e nas elites, de partilhamento, e depois de respeito aos
pares e à coerência interna. É consistente o conhecimento de que disponho,
antes do prosseguimento? Não apenas nas tecnociências e nas matemáticas, mas em
tudo, especialmente no discurso filosófico/ideológico, deveríamos poder contar
com isso.
Embora quanto mais
voltemos da C/T à F/I à T/R e à M/A menos específico vá ficando o conjunto
tratado, ou, o que seria outra forma de expressar, mais vasto vá ficando o
espaçotempo tratado (tratar na tecnociência o ET de uma peça de aço por sua
resistência nas construções é diferente de tratar o ET da Criação, como se
propõe os religiosos e teólogos, modo baixo e modo alto, respectivamente
prática e teoria da Fé), devemos efetivamente fazer o esforço.
Mesmo assim, sendo o
ET característico da Filosofia/Ideologia muito mais alto, largo e profundo,
enquanto OBSERVAÇÃO da totalidade, do que o da Ciência/Técnica, ainda cabe a
demonstração, como pedia Pitágoras, que estava adiantado em tantos aspectos,
como podemos voltar a ver. E é isso justamente do que se desviaram os que
vieram depois dele, discorrendo interminavelmente em frágeis bases, sem
qualquer esclarecimento. LÁ POR DENTRO dos filósofos e ideólogos rolavam os pensamentos,
depois manifestados em grades muito contraídas, de difícil leitura (nem tanto
quanto ao intricado da trama, mais pela inconsistência, devido justamente à
ausência de um EIXO DEMONSTRATIVO GERAL). Não houve, como na C/T e na
Matemática, geo-algébrica, RESPONSABILIDADE, necessidade de responder ao mundo
exterior. É porisso mesmo que a Filoideologia se tornou estéril, incapaz de
manter-se como interesse geral, sendo muito justamente substituída pela
tecnociência.
Vitória,
sexta-feira, 23 de maio de 2003.
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