segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017


Falta uma Filosofia Demonstrativa

 

                            No livro de Mário Ferreira dos Santos (São Paulo, IBRASA, 2000, Pitágoras e o Tema do Número), p. 73: “Mas até este ponto ainda não se caracteriza a contribuição do pensamento pitagórico. Sabemos que havia uma forte dose de cepticismo entre os gregos e Pitágoras trouxera para os gregos as grandes contribuições da matemática, da física e das artes. E, ante esses, é natural que demonstrasse os seus conhecimentos e procurasse provar as suas teses. Não é sem fundamento que se atribui a Pitágoras a fundação da geometria baseada em teoremas demonstrados. Nem só na matemática, mas também na filosofia ele expunha aos iniciados as razões de suas teses, demonstrando-as”.

                            De todo Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática) deveríamos esperar as demonstrações, em primeiro lugar índice de confiança no povo e nas elites, de partilhamento, e depois de respeito aos pares e à coerência interna. É consistente o conhecimento de que disponho, antes do prosseguimento? Não apenas nas tecnociências e nas matemáticas, mas em tudo, especialmente no discurso filosófico/ideológico, deveríamos poder contar com isso.

                            Embora quanto mais voltemos da C/T à F/I à T/R e à M/A menos específico vá ficando o conjunto tratado, ou, o que seria outra forma de expressar, mais vasto vá ficando o espaçotempo tratado (tratar na tecnociência o ET de uma peça de aço por sua resistência nas construções é diferente de tratar o ET da Criação, como se propõe os religiosos e teólogos, modo baixo e modo alto, respectivamente prática e teoria da Fé), devemos efetivamente fazer o esforço.

                            Mesmo assim, sendo o ET característico da Filosofia/Ideologia muito mais alto, largo e profundo, enquanto OBSERVAÇÃO da totalidade, do que o da Ciência/Técnica, ainda cabe a demonstração, como pedia Pitágoras, que estava adiantado em tantos aspectos, como podemos voltar a ver. E é isso justamente do que se desviaram os que vieram depois dele, discorrendo interminavelmente em frágeis bases, sem qualquer esclarecimento. LÁ POR DENTRO dos filósofos e ideólogos rolavam os pensamentos, depois manifestados em grades muito contraídas, de difícil leitura (nem tanto quanto ao intricado da trama, mais pela inconsistência, devido justamente à ausência de um EIXO DEMONSTRATIVO GERAL). Não houve, como na C/T e na Matemática, geo-algébrica, RESPONSABILIDADE, necessidade de responder ao mundo exterior. É porisso mesmo que a Filoideologia se tornou estéril, incapaz de manter-se como interesse geral, sendo muito justamente substituída pela tecnociência.

                            Vitória, sexta-feira, 23 de maio de 2003.

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