quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017


Cerealização da Humanidade

 

                            Olhando o mesmo livro Atlas de História do Mundo, p. 38, podemos ver que as civilizações surgiram nas Américas onde o milho era cultivado no México e no Peru, na Ásia onde o arroz foi difundido e do Crescente Fértil para dentro da Ásia onde o trigo se espalhou. Onde a opção eram a caça, a pesca (outro gênero de caça), a colheita de frutas, o pastoreio, a pecuária de leite e corte, meramente, as comunidades humanas não foram adiante, pelo contrário, se tornaram tributárias daquelas.

                            Propriedade mágica não é, deve derivar de alguma vantagem nítida dos cereais em relação aos demais elementos.

                            Essa vantagem deve dizer respeito à extrema multiplicação das sementes dos cereais (trigo, arroz, centeio, cevada, aveia, milho, sorgo), cada uma produzindo uma infinidade numa espiga, um grande número delas, que no próximo plantio pode disseminar-se numa área grande, depois no seguinte gigantesca, aos poucos ocupando países inteiros. É uma verdadeira praga, vendo pelo lado das demais plantas, principalmente quando associada a um multiplicador correlato como o humano, que é outro vírus. O potencial conjunto é fora do comum. Rapidamente áreas fantásticas são ocupadas, desde que haja liberação de competidores, e irrigação, o que o ser humano aprendeu logo a fazer.

                            O resultado palpável é o excedente, a sobra, ilimitadas quantidades de alimentos com relativamente pouco esforço. Que seria do 1,3 bilhão de seres humanos na China não fosse o arroz? E não só lá, em toda a Ásia.

                            Em resumo, o que houve é uma cerealização progressiva da humanidade. O crescimento humano, especialmente da civilização, não é uma dádiva do Nilo, porque ele é local, existe só no Egito, mas dos cereais, que estão agora em toda parte.
                            Vitória, segunda-feira, 02 de junho de 2003.

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