A Democracia de
Faraday
Em Conhecer Universal, tomo 9, p. 1.570,
há esta passagem: “Numa tentativa de popularizar a ciência, Faraday criou, em
1826, na Royal Institution, as famosas reuniões das sextas-feiras, tornando-as
via de comunicação significativa entre cientistas e público”.
Eis o Conhecimento
geral no modelo: Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia,
Ciência/Técnica e Matemática. Não vejo ninguém realizando conferências para
tentar estabelecer uma interface de diálogo com o público FINANCIADOR, aquele
que provê por tributos, o povo, ou por doações (em muito menor valor, porém de
divulgação incomparavelmente maior), as elites, os recursos de pesquisa &
desenvolvimento teórico & prático.
Eis porque Faraday
(inglês, 1791 a 1867, 76 anos entre datas), cientista e experimentador, deve
ser considerado verdadeiro democrata. Filho de um “pobre ferreiro”, se empregou
como encadernador aos 13 anos, com isso podendo ler todos os livros que eram
impressos pelo patrão. Talvez a proximidade com a pobreza o tenha tornado
preocupado com os pobres, em parte, porque muitos que nascem pobres se tornam
orgulhosos defensores da burguesia e da riqueza, quer dizer, do separatismo
social, a doença da separação das posses.
A democracia não é
feita só de grandes gestos, de falações extremadas, de discursos pomposos; é
feita (ou des-feita) pelos atos de todos e cada um no dia-a-dia, nos
acontecimentos diários, em cada gesto e cada palavra, é uma soma de milhões ou
uma redução de milhões, diariamente. Eis aí porque Faraday pode ser considerado
um verdadeiro democrata e tantos antes e depois dele não, pois não eram, não são
e não serão.
É assim que nasce e
se firma a democracia.
E é porisso mesmo
que o Conhecimento inteiro é sede de poucos democratas, já que as elites lá
presentes são pregadoras e praticantes da antidemocracia, que faz no real o
contrário do que advoga no virtual.
Eu gostaria de ver
milhões de divulgadores, em todos os vértices, mormente na Matemática. Assim se
criaria um vínculo entre pesquisadores e os que devem trabalhar para sustentar
materialmente o mundo.
Vitória, sábado, 24
de maio de 2003.
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