Tão Nobre Quanto
Quando a gente olha
a princesa inglesa Anne, vê que ela não é nada bonita. Mas, bem vestida,
adulada, bem cuidada de corpo e de rosto, sem nada para fazer, passa por
aceitável. Se fosse miserável, tendo que trabalhar para viver do modo mais duro
e tendendo a morrer dos 45 aos 55 anos, já estaria mais que velha, estaria
“passada”, como diz o povo.
Veja-se um canteiro
dos pobres num país de terceiro ou quarto mundo, com as flores, plantas e grama
de qualquer jeito, e outro numa nação de segundo ou primeiro mundo,
supercuidado, superdesejado, superadubado, superaguado, superlativo em tudo.
São notáveis as diferenças.
Do mesmo modo com os
seres humanos e tudo que nos diz respeito em nossa psicologia: supercuidadas
psicanálises ou figuras; supercuidadas psico-sínteses ou objetivos;
supercuidadas economias ou produções; supercuidadas sociologias ou
organizações; no centro supercuidadas geo-histórias ou espaçotempos, versus as
descuidadas psicologias. Repare como destoa.
Uma pessoa é tão nobre
quanto os cuidados que a ela são dispensados – nem mais nem menos. As coisas e
as pessoas são tão preciosas quanto a atenção que lhes é dada. Então, quando
vejo o modo como os seres humanos se tratam, fico tremendamente chocado: as
mais preciosas criaturas tratadas como se fossem instrumentos quaisquer, que
não tivessem na Terra necessitado de 4,6 bilhões de anos para serem afinados, e
desde o Big Bang (Barulhão, Grande Explosão, precedida do Grande Estresse) 15
bilhões de anos.
SE as pessoas são
filhas de Deus, como se diz, SE Deus é O Criador, SE O Criador é onipotente e
onisciente, então suas criações são as mais perfeitas. No entanto os seres
humanos se tratam de um modo totalmente deplorável, descuidado – daí haver
tanta feiúra no mundo.
Vitória, sábado, 3
de agosto de 2002.
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