sexta-feira, 23 de dezembro de 2016


Problemagrafia

 

                            Vi no modelo que a Natureza quer insistentemente que a humanidade e todos os seres vivos resolvam problemas, encontrem as soluções, ou morram. Solução ou morte, estes são os limites. Os mundos (do primeiro ao quarto), as classes do labor (soluções operárias, intelectuais, financistas,        militares e burocratas), os setores econômicos (produções agropecuárias/extrativistas, industriais, comerciais, de serviços e bancárias), tudo, absolutamente tudo deve resolver problemas.

                            Bom, então olhei para os problemas e vi que eles estão em guetos, chamados “livros didáticos”, quando estão. São de dois tipos gerais: 1) os problemas teóricos, 2) os problemas práticos. Não foi abordada fora do modelo a solução convergente, prateórica. Aqueles foram melhor e mais metódica e extensivamente tratados, enquanto estes são coletâneas soltas, com o descuido normal.

                            As soluções teóricas são obtidas na Vida da Escola, conduzida pela pedagogia teórica, enquanto as soluções práticas são testadas na Escola da Vida, passando nas categorias de trabalho baixo (são 6,5 mil as profissões, dizem) à geração seguinte, com ou sem aprimoramento. Quase sempre não há pensamento delineador.

                            Por outro lado, ao grupo das ST (soluções teóricas) falta a ligatividade (qualidade do que é ligável) com a prática, enquanto o contrário é mais que verdadeiro, para as SP (soluções práticas).

                            Por que é assim?

                            Porque não trabalhamos a P&D prateórica (de dupla via, portanto, de uma a outra e retornando) dos problemas como problema-grafia geral, estudo dos problemas, a problemática tão ridicularizada? Como é que fomos tão displicentes, tão negligentes, tão relaxados, tão frouxos, tão acomodados?

                            Como é que não proporcionamos às pessoas manuais de problemas (o livro ao contrário sendo o conjunto das soluções; portanto, um par problema-solução)? Deveríamos tê-los aos milhares, inclusive com coleções de enigmas, ao modo que Feymann gostava de resolver, mais os quebra-cabeças, até as revistinhas de palavras cruzadas. Isso não é brinquedo, não! É coisa muito séria, questão de sobrevivência nacional em todos os patamares de raciocínio e vivência. É fundamentalíssimo como forma de projetar a nação para destinos mais elevados.

                            Bibliotecas inteiras de livros assim.

                            A par delas, escolas dedicadas a níveis sempre mais elevados de problemas, de tal modo que se tornasse uma febre nacional. Erros e acertos, as pessoas que tiveram intuições geniais, fora e dentro do país. Juntarmo-nos aos hispano-americanos. Participarmos de competições internacionais em todos os ramos do Conhecimento (competições mágicas/artísticas, teológicas/religiosas, filosóficas/ideológicas, científicas/técnicas e matemáticas).

                            Nenhum mundo, nenhuma nação, nenhum estado, nenhum município/cidade, entre os ambientes, e nenhuma empresa, nenhum grupo, nenhuma família e nenhum indivíduo, entre as pessoas pode prescindir disso, do teste contínuo. Parar de crescer é morrer. Crescer é deparar-se com as dificuldades do crescimento, que são justamente os problemas. Agora, veja, a humanidade tem memória das dificuldades, através da qual pode preparar as gerações que irão assumir as políticadministrações governempresariais pessoambientais para ESPERAR E ACEITAR A CARGA DE PROBLEMAS. Evidentemente as soluções do passado nem sempre servem ao futuro, mas pelo menos a pessoa saberá que os problemas virão.

                            Vitória, sexta-feira, 9 de agosto de 2002.

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