terça-feira, 6 de dezembro de 2016


Os Quatro Tipos de Filósofos

 

No livro de James Miller, Vidas Investigadas (de Sócrates a Nietzsche), Rio de Janeiro, Rocco, 2012 (original de 2011), ele coloca na página nove que anuncia a introdução esta citação de Platão (A República 487c-d):

“De todos os que se iniciam na filosofia – não os que dela se ocupam quando jovens, no intuito de ser instruir; e a abandonam em seguida, mas os que nela se demoram por mais tempo -, a maioria se torna muito excêntrica, para não dizer completamente perversa; ao mesmo tempo, os que se mostram perfeitamente decorosos [...] tornam-se inúteis”.

Veja, ele é perfeito no anunciado.

1)      Há os que se iniciam e abandonam (esses não são filósofos);

2)     Há os que se demoram (estes são: então, filosofia depende de pensar demoradamente).

OS FILÓSOFOS (os que se demoram)

DOIS TIPOS
A MAIORIA é muito excêntrica, para não dizer completamente perversa (mais de 50 %, mas não diz quanto).
Os que se mostram perfeitamente decorosos tomam-se inúteis.
OUTROS DOIS (não constam do anunciado).
“Os que se mostram perfeitamente decorosos” não são todos os outros (100 % menos a maioria): são tais aqueles PERFEITAMENTE DOCOROSOS; os que são imperfeitamente decorosos, os que reconhecem seus erros e enganos, não estão inclusos.

RELENDO

PERIGOSOS.
1.                Excêntricos/perversos (os orgulhosos, separatistas).
2.               Decorosos/inúteis (que afirmam pureza).
DEMAIS.
3.                Normais, comuns, participativos.
4.               Desprezíveis, indecentes, impudentes, licenciosos.

PERCENTUALMENTE

50 % ou mais (mais que um em cada dois).
Todos os demais: 50 % ou menos.
1.                 Excêntricos/perversos (não quer dizer que não façam boa filosofia, só não dá para conviver sem sofrer injúrias e ataques).
3.  Naturais, simples, comunicativos.
2.                Pudendos/inservíveis (coisinhas fofas, péssima filosofia).
4.               Abjetos, libertinos, desavergonhados, devassos (os que desejarem se aproximar terão de aguentar a sexualidade malsã).

Por aí se vê que só 50 % ou menos dos filósofos é não-excêntrica e não-perversa. Aos 50 % ou mais podemos ler, mas com eles não podemos conviver, vivem fora de centro e são malignos. Ou seja, compre seus livros, leia-os, fique longe deles, não vá a programas de autógrafos, não assista entrevistas, não vá a suas casas, não os encontre em bares.

Não obstante, há a fração pequena que é simples, convivível – faz boa filosofia e boa presença ao mesmo tempo.

E tudo isso pudemos deduzir lendo um filósofo de 2,4 mil anos.

PLATÃO (não era o nome dele, significa “de costas largas” – podia ter o corpo assim ou significar protegido, era patrício)

https://encrypted-tbn3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQ56LjmKQoYNy4ThnHgWZbEai_6uP-vwCGDmIw2UBOygXX_9mVkng
Da esquerda.
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/f/fb/Raffaello_Scuola_di_Atene_numbered.svg/3402px-Raffaello_Scuola_di_Atene_numbered.svg.png
Número 14.

Veja só o poder do pensamento dele (não sei se fiz a interpretação correta, mas aí está: fuja dos filósofos, a chance de achar os que pensam direito e ao mesmo tempo são corretos deve ser de uns 10 %, mas esses são fáceis de achar, é gente que não se engrandece, que não se coloca acima dos outros, provavelmente está sempre rindo e brincando. Em tudo procure sempre os felizes).

Serra, sexta-feira, 11 de dezembro de 2015.

GAVA.

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