Improváveis Invenções
Quando
a gente pensa em como é improvável uma invenção, é assustador. Einstein disse
que o mais interessante não é entender o universo, é pensar que o universo seja
inteligível. Ou algo assim.
Como é que se dá esse entendimento? A
pessoa deve estar ENCOSTADINHA, bem junto mesmo, para, modificando ligeiramente
o que já existe, chegar à coisa nova. Entretanto, há pessoas que dão saltos
gigantescos, bem grandes mesmo, saltos no escuro.
Por exemplo, o
Wagner Luís Fafá Borges é despachante de patentes e tem me ajudado a registrar
as minhas. Mostrou-me algo de curiosíssimo. Normalmente os plantadores usam
sacolinhas de plástico (até sacolas de leite) nos hortos privados ou públicos,
para colocar terra e as sementes que germinarão, até ficarem as mudas com algo
em torno de um palmo de altura (ou o que for), quando são transplantadas. Os
objetivos disso são vários: 1) tornar a plantinha mais resistente, 2) evitar que
haja buracos onde não nascessem as sementes, apresentando falhas nas plantações
seriadas, 3) administrar adubo e rega a milhares de mudas em breve tempo e
curto espaço, e outros. Acontece que a sacolinha de plástico é resistente, a
pequena planta não consegue vencê-la com suas raízes a ponto de colocá-las para
fora, mesmo se o plástico vem furado. Devido a isso as pessoas devem usar uma
tesoura para arrancar o conjunto da sacola. Pode cair terra, as mudas podem ser
danificadas, as raízes podem sofrer choque, etc.
Pois bem, o camarada
inventou com os fios que sobram da serragem de madeira, aqueles fiapos
enovelados, um cone de fios de madeira, que degradam em contato com a água e o
solo, não sendo necessário cortar nada, depositando-se diretamente no lugar
próprio. As raízes, dinâmicas, passam facilmente pelos fios, que no entanto
contém a terra, estática.
Que é que liga os
fios de madeira à planta?
O cilindro de
plástico não é nada parecido com o cone de fios. Quem poderia pensar que os
fios ficariam no lugar sem se deslocar, entornando o caldo, por assim dizer?
Enfim, quando a
gente vê o que existia antes e os saltos que as pessoas deram para produzir o
novo só podemos ficar mesmo maravilhados, bestificados com essa capacidade da
inteligência. E mais ainda nas intrincadas questões da tecnociência.
No meu modo de
entender é totalmente formidável.
Porisso mesmo não me
canso nunca de olhar as invenções, sempre com espanto renovado, legítimo
deleite. Como disse alguém, as invenções redesenham a humanidade, toda a sua
psique. E são milhões delas em interação agora, possivelmente desse encontro
fértil gerando mais milhões delas, o que é autêntico milagre.
Vitória,
segunda-feira, 5 de agosto de 2002.
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