domingo, 25 de dezembro de 2016


Explorando os 2,5 %

 

                            Acreditei no modelo que a margem estatística de erro sendo de 5 % poderíamos dizer que um vigésimo da esquerda seria 2,5 % e outro tanto da direita mais 2,5 %. Passei a adotar essas frações como definidoras de várias coisas. Por exemplo, se há qualquer par polar oposto/complementar, tirando 2,5 de 100 % ficamos com 97,5 % de não-extremadamente ruins. Ou seja, há 2,5 % de bons, 47,5 % de cooptáveis para o bem, 47,5 % de cooptáveis para o mal e 2,5 % de ruins, definitivamente ruins. Nada que se faça vai torná-los bons, nada mesmo. Eles vão ser permanentemente ruins em qualquer situação. Se tudo for feito a favor eles reclamarão da felicidade.

                            E assim por diante, otimistas e pessimistas, pombas e gaviões, oferecidos e resistentes. Ressalta que os 2,5 % estarão sempre chamando os seus 47,5 % e tentarão cooptar os outros 47,5 % que não são seus, mas podem ficar tão indiferentes ao contrário que é como se fossem. Isto é, em algum momento 97,5 % da população podem ser anti-governistas. Nessa extremização polar a mola ou tensor dialético estará armado ao máximo, com a máxima potência de retorno. Quando o retorno se der os que estiverem contra os 2,5 % que passam a liderar serão massacrados – haverá nova extremização, mas para o oposto/complementar, até a energia se gastar, até o esvaziamento. Exemplos podem ser vistos em toda a geo-história, digamos no Terror francês, basta triar, vascular a GH.

Agora, se o mundo fosse reduzido aos 2,5 %, eles passariam a ser 100 %, porque é estatístico. Ou seja, se o mundo fosse reduzido aos 2,5 % de fiéis, dentro deles começariam a surgir os novos infiéis, e assim por diante para todo o dicionário. Em resumo, o mundo retornaria a tudo que é agoraqui, de outra forma, com outros nomes, desde que houvesse tempo suficiente para o ciclo dialógico, ou as condições fossem as mesmas. Como nunca podem ser exatamente as mesmas, o desenho evidentemente nunca é o mesmo, também. Mas é semelhante. Por outro lado, se tentassem zerar os 2,5 % da esquerda ou da direita, ou ambos, eles reemergiriam, reassumiriam suas prerrogativas.

                            Creio que toda uma sintanálise nova surgirá da avaliação desse problemassolução dos 1/40.

                            Para todas as palavras do Dicionário, onde estão seus 2,5 % representantes? Onde os 2,5 % de prescientes, onde os 2,5 % de ejaculadores precoces que nunca serão curados? Onde os 2,5 % de ébrios para os quais as tentativas de cura constituirão tortura? Aqueles que estarão embriagados sem sequer beber? E onde e em quantos indivíduos estão as palavras do Dicionário espalhadas? Porque é certo que haverá um egoísta entre os ébrios, com seis bilhões de pessoas – o que vem colocar questões muito interessantes. E aquelas pessoas que são permanentemente azaradas? E outras, que são sempre sortudas, como o Forrest Gump? Não é um pensamento interessante?
                            Vitória, segunda-feira, 26 de agosto de 2002.

Nenhum comentário:

Postar um comentário