Escola Superior da Paz
Lá por 1987 escrevi
um artigo sobre a fusão do Exército, da Marinha e da Aeronáutica num Ministério
da Defesa, o que foi feito depois, como já contei várias vezes.
Restou da época e do
pensamento anterior a Escola Superior de Guerra,
ESG, uma coisa defensiva e DURA, ou seja, resultante do medo e da covardia,
PORQUE só quem tem medo permanente carrega revólveres. Os bravateadores, os
valentões, dos covardões é que carregam armamentos expostos. Quem tem natural
tranqüilidade “fica na sua”, como diz o povo, ou seja, inerte, já que não tem
medo de nada. Aqueles desfiles soviéticos indicavam na realidade as fraquezas
do regime. Desfile militar é sempre
ruim, tanto para o povo, que o toma como intimidação, quanto para o mundo
exterior, que fica conhecendo as potências internas e se prepara para
retaliação.
A constante
recorrência americana aos filmes de faroeste mostra como os poucos que posavam
de valentes eram receados pelos demais, e mostra também como houve uma correria
geral às armas, denotando a covardia unânime da sociedade por lá. Os arrogantes
não são as pessoas verdadeiramente em posse de si, na verdade eles vivem
assombrados com tudo, evidenciando que lhes vai à alma um pavor constante.
Essa Escola
Superior da Guerra mostra a fraqueza brasileira, o alarme constante dos
militares. Ora, paz e guerra são opostos/complementares, e quem estuda paz por
via de conseqüência estuda a guerra. A diferença de anúncios é que é
indicativa. Quem anuncia a guerra anuncia o receio que tem, o que é munição
psicológica dos adversários (que existem sempre), inimigos passivos, e até dos
inimigos (que só eventualmente mostram-se como tais), adversários ativos.
Pelo contrário, uma Escola Superior da Paz estuda não somente como
manter a paz (condições psicológicas gerais: psicanalíticas ou de figuras,
psico-sintéticas ou de objetivos, econômicas ou de produções, sociológicas ou
de organizações, e geo-históricas ou de espaçotempos), as condições disso, como
também, conexamente, de manter a guerra. Pois a guerra é manutenção dinâmica,
é sustentação operacional, e é vencida por quem tem formestrutura mais
constante, durante mais tempoespaço, isto é, mais espalhada no espaço, por mais
tempo. Então, perguntaríamos pela ESTÁTICA DA GUERRA e pela DINÂMICA DA GUERRA,
no geral a MECÂNICA DA GUERRA, o que se desdobraria no modelo em muitas
afirmações, que não vou investigar agoraqui, já o fiz noutra parte.
Só os idiotas pensam
na guerra, os espertos de verdade pensam na paz, até porque isso desarma os
adversários, antes que eles virem inimigos, ou torna os inimigos desprevenidos
da potência interna.
A paz é um
investimento muito melhor, em tudo.
Que não tenham visto
isso é que é preocupante, pois revela uma fragilidade de base, uma estranha
propensão para gabolice, para auto-afirmações sem embasamento no poder (força
focada), que é sempre das elites, ou até na força (poder caótico, mas
mobilizável), que são as reservas populares (nas quais, em geral, não se deve
mexer).
Vitória, sábado, 17
de agosto de 2002.
Nenhum comentário:
Postar um comentário