quinta-feira, 22 de dezembro de 2016


Cibermetas Brasileiras

 

                            Nunca vi antes, como diz o povo “desde que me entendo por gente” (isso deve ser depois dos sete anos, portanto desde 1961) qualquer político brasileiro falar de: 1) tributos, 2) cibernética, 3) informática, 4) política de terras, 5)          tecnociência avançada, 6) patentes, 7) saúde preventiva, 8) crescimento efetivo das exportações, 9) urbanização total (água, esgoto, desfavelização, etc.), 10) renovação escolar e pedagógica, etc. São muitas as ausências.

                            Muitas metas não são perseguidas pelos governantes brasileiros, em todos os níveis (federal, estadual, municipal), nos três poderes (executivo, judiciário, legislativo).

                            Em particular isso que chamei de CIBERMETAS, as metas cibernéticas, de robotização das indústrias. Sempre passam a idéia de que estarão cancelando postos de trabalho. Agora, busque-se saber se nos países onde a cibernética vem avançando (EUA, Suécia e resto da Europa, Japão e países da Ásia) não estando sendo criados mais postos que fechados.

                            Sequer há investigação, pesquisa & desenvolvimento. O que há de informática e cibernética prática & teórica no Brasil é o que as empresas estrangeiras vêm trazendo, mais aquilo que algumas poucas empresas brasileiras mais conscientes estão desenvolvendo a muito custo.

                            Como há muita gente, 170 milhões ou mais, e muita gente desempregada, parece suicídio político mencionar a cibernética, a robótica, a mecatrônica como fonte de mudanças bem vindas. E assim vamos sendo condenados ao atraso.

                            Como eu já disse repetidamente, a Natureza quer que todos os conjuntos resolvam problemas. Enquanto as criaturas encontrarem as soluções, sobreviverão, ao passo que quando deixarem de fazê-lo morrerão, sem dúvida alguma. QUANTO MAIS COMPLEXOS os problemas resolvidos, mais à frente estarão as nações. Então temos grupos de problemas equivalentes aos mundos: problemas/soluções de primeiro mundo, de segundo mundo, de terceiro mundo e de quarto mundo. E estar no primeiro mundo quer dizer DESEJAR ESTAR NO PRIMEIRO MUNDO, quer dizer, candidatar-se a resolver complexos problemas de primeiro mundo.

                            Isso, meridianamente, significa que as burguesias devem arrojar-se, projetar-se, lançar-se adiante.

                            Li o livro em que Ciro Gomes fala de “ferir os conflitos”, ou seja, não recuar, e sim avançar, arrostar os problemas, em lugar de varrê-los para debaixo do tapete. Nitidamente a civilização de fundo cultural português prefere escamotear, proceder como o avestruz, enganar-se, botar panos quentes, resolver tudo debaixo dos panos, com base nos conchavos.

                            Essa denúncia do fazer português nos mostra uma nação brasileira dependente do exterior, incapaz de assumir seu jogo/papel de grande nação, e uma das superpotências. Tudo porque a burguesia esconde-se, não é capaz de assumir suas vontades, por exemplo, essa cibermeta ou esse ciberobjetivo.

                            Essa é que é avacalhação maior: a do medo, a da submissão ao pavor do futuro, a falta de vontade de ser grande, o complexo de Peter Pan.
                            Vitória, terça-feira, 20 de agosto de 2002.

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