Feliz para Ser o que Falta?
O livro de
Dominique Magalhães tem por título O Que Falta para Você Ser Feliz? –
São Paulo, Gente, 2014 -, de onde tirei o título.
Você poderia
pensar que é um daqueles desprezíveis livros de autoajuda (aliás, muito bons quando
o desprezo intelectualóide é posto de lado), porém ele é elegante na
simplicidade, embora erre, algumas vezes flagrantemente.
Por exemplo,
o que é felicidade?
Pode-se identificá-la?
As pessoas
confundem muito com bem-estar. Um sádico poderia estar muito bem apanhando e
rindo, todo satisfeito, mas os de fora não chamariam isso de felicidade PORQUE
a felicidade é métrica absoluta, é uma das medidas exclusivas de Deus, como A
Verdade, como está na constituição americana, “a busca da felicidade”, pois é ideia,
é inatingível, como A Verdade. Não pode ser objeto de injúria, de inconstância,
da verborragia – é coisa puríssima.
A Felicidade
nos mede a todos.
De fato, quando
dizemos que a pessoa está feliz queremos dizer que encontra-se em condição de
deleite, podendo apresentar todos os sintomas disso: alegria e contentamento, a
que correspondem exterioridades corporais. Entretanto, tudo isso pode ser
imitado, como os artistas imitam, aparentando o bem-estar – fingem rir, fingem
gostar, etc.
O bem-estar
pode ser imitado, A Felicidade, não.
Como saber
se a pessoa está mesmo feliz?
Ela poderia
estar e nem saber descrever.
Dentre os
racionais os que mais se aproximam d’A Felicidade são os santos-sábios e, acima
deles, os iluminados.
Em suma, é
título errado.
Depois, ela
cita “os grandes”.
Página 155,
Henrik Ibsen (norueguês, 1828-1906): “A felicidade é uma estação intermediária
entre a carência e o excesso”. Não é, não pode ser, como vimos, pois está
além-Natureza, é um dos atributos de Deus. O que está entre esses extremos é a
satisfação.
Página 106,
Johan Goethe (alemão, 1749-1832): “O gênio, esse poder que deslumbra os olhos
humanos, não é outra coisa senão a perseverança bem disfarçada”. Não é, não
pode ser, porque existem gênios não-perseverantes - extremamente dispersivos -
criando continuamente, ao passo que existem perseverantes que não são gênios,
já que ninguém diria que a burocracia estatal é genial. O gênio é um
construtor-destruidor, um FRANCO OPOSITOR, sendo fácil de ver que criar é tanto
fazer o novo quanto de opor ao velho – quando o escâner foi inventado, por
definição não existia, isso foi construção. Quando Copérnico se opôs a Ptolomeu
isso foi destruição.
Então, ela
erra, não é uma grande filósofa, nem mesmo filósofa.
Contudo, TEM
BOA-VONTADE e isso vale muito. Tem anseio de acertar e acerta mesmo, aprendi
bastante.
Passou por
cima de coisa importantíssima, p.151: “(...) eu não poderia dirigir por cinco
anos porque um amigo a quem eu emprestei o veículo havia cometido uma infração
de trânsito por excesso de velocidade”.
No Brasil,
como já disse, existe confusão tremenda, abismal, entre a Autoridade que é
somente da Lei geral e os agentes da autoridade, os aplicadores; ademais, há
muita ignorância e falta de lógica entre os legisladores. Pois, veja, se eu
emprestar a outrem uma faca e ela for usada para matar, sou culpado? Ora, o que
é julgado nunca é intenção, é o ato: se alguém teve intenção de estapear outro
isso pode ir a tribunal? Mesmo se caminhar em direção a, e chegar a levantar a
mão, pode? Não, somente o ato, a consagração, a consumação, mesmo sem intenção.
Só o que é punível é a consecução, o fazer (e, mesmo assim, quando provado
terminalmente em julgamento, quando transitado em julgado).
Se certo
militar sair de quartel com metralhadora isso o tornará objeto de ajuizamento?
De modo nenhum! Poderia não usá-la, poderia usá-la para treinamento autorizado
em aterro, poderia levá-la para conserto ou exposição, as bifurcações são
inúmeras.
Quem dirigia
o carro não era a que emprestara e sim outro: ESTE cometeu o ato punível,
consagrado na lei.
Seria uma
daquelas multas facílimas de tirar.
Ela
capitulou à toa.
Serra,
sábado, 03 de outubro de 2015.
GAVA.
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