quarta-feira, 23 de novembro de 2016


Falando de Conflitos na Novescola

 

No livro de Marcelo Duarte, O Guia dos Curiosos, Brasil, São Paulo, Companhia das Letras, 1999, ele fala na página 62 de Rui Barbosa, que apelidei de Cabeção de Haia (porque ele tinha corpo franzino e cabeça grande): “Um ano depois do fim da escravidão, Rui Barbosa disse que ‘queria acabar com o nosso passado negro’ e queimou todos os documentos sobre a escravidão que encontrou”, com o que em princípio teria impedido que contassem a verdade e deixou que contassem mentiras.

Foi isso mesmo que aconteceu?

Rui Barbosa era um cara formidável, mas, como todo mundo, cometeu erros, inclusive como ministro da Fazenda ao promover o Encilhamento sem contar com a oposição dos bandidos de fora e de dentro.

HONESTO, CONSPIRARAM CONTRA ELE

CABEÇÃO
rui barbosa
Profeta: olhou para o futuro e viu FHCB, Lulambão e Dilmandona.
POLÍTICA CONTRA CABEÇÃO
Superinteressante.
O que foi a política do Encilhamento, e por que ela não deu certo?
Marcus Batista
Primeiramente uma correção: “Encilhamento” foi a forma como ficou conhecida a crise financeira ocorrida no Brasil a partir de 1890 decorrente da política econômica do governo provisório do Marechal Deodoro da Fonseca. Essa política, conduzida pelo Ministro da Fazenda Rui Barbosa, tinha por objetivo o incentivo à industrialização e se baseou na liberação de créditos bancários garantida pelas emissões de moeda destinadas ao financiamento de projetos industriais. O fracasso do projeto governamental deveu-se ao boicote promovido por especuladores ligados aos latifundiários, importadores e investidores estrangeiros que, por meio de empresas-fantasmas inundaram o mercado financeiro com ações sem lastro de capital. As consequências como inflação dos preços, falências e a desconfiança nas instituições financeiras se arrastaram por anos configurando a crise do Encilhamento.
QUEIMOU, SIM, MAS O QUÊ?
http://www.projetomemoria.art.br/RuiBarbosa/glossario/q/tag.gifQueima dos papéis da escravidão - Erradicar, para sempre, uma "mancha negra" da história do Brasil. Este tem sido, durante anos, o clichê exaustivamente repetido para explicar a queima dos papéis de registro da escravidão ordenada por Rui Barbosa enquanto Ministro da Fazenda e levada a cabo por seu sucessor na pasta. De tão propalada, esta versão tem contribuído para sedimentar uma série de incorreções, preconceitos e injustiças históricas. É preciso lembrar que um intelectual como Rui Barbosa jamais seria ingênuo a ponto de acreditar que a destruição física de documentos depositados no Ministério da Fazenda fosse suficiente para apagar da memória nacional a infâmia de quatro séculos de escravidão. Portanto - e com a ressalva de que a incineração de qualquer papel público, por menos importante que possa parecer, é a princípio altamente condenável - é preciso compreender as motivações embutidas na sua atitude. Rui Barbosa buscava evitar que uma campanha indenizatória movida por ex-senhores de escravos - com base justamente nos registros citados - viesse dar um contragolpe à Lei Áurea. Com efeito, depois da abolição, as pressões por indenizações começaram a ganhar corpo. Apenas 11 dias depois da lei emancipando os escravos, foi levado à Câmara um projeto de lei propondo ressarcimento pelos prejuízos advindos com a extinção do trabalho servil. Entre julho e novembro de 1888, nada menos do que 79 representações desse teor foram encaminhadas ao Legislativo. Já em plena República, durante o Governo Provisório, criou-se um banco exclusivamente para receber indenizações. Seus proprietários foram diretamente a Rui, Ministro da Fazenda, que respondeu seca mas enfaticamente: "Mais justo seria, e melhor se consultaria o sentimento nacional, se se pudesse descobrir meio de indenizar os ex-escravos, não onerando o Tesouro. Indeferido. 11 de novembro de 1890". O despacho foi noticiado com destaque na imprensa, levando a Confederação Abolicionista a conferir um diploma a Rui Barbosa. As pressões, porém, continuaram e a argumentação não foi suficiente para barrar as pretensões dos escravocratas. Rui buscou outra solução. Em nome da "fraternidade e solidariedade com a grande massa de cidadãos que, pela abolição do elemento servil, entrava na comunhão brasileira", mandou queimar, em 14 de dezembro daquele ano, os documentos do Ministério. Mais do que uma motivação ética, natural em um abolicionista de primeira hora, o ato serviu para destruir os documentos necessários à indenização. Ao contrário do que se costuma afirmar, o gesto de Rui foi uma decisão de natureza política e, sobretudo, econômica.

Como foi duramente noticiado pelo Marcelo Duarte parecia coisa de bandido. Ao contrário, foi ato de defesa nacional contra os escravocratas que além de escravizarem pessoas queriam sangrar a nação quando a infâmia acabou.

Veja, é preciso trazer à tona no Brasil todos os conflitos, porque isso os apaziguará, não permitirá que prosperem, ao passo que escondê-los, sim.

A Novescola geral psicológica deve isso ao povelite brasileiro: buscar a verdade e com ela a felicidade autêntica, não escamoteada.

Serra, segunda-feira, 12 de outubro de 2015.

GAVA.

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