Diz-Torções
Os
contendores:
1)
Thales Guaracy, A Conquista do Brasil
1500-1600, São Paulo, Planeta, 2015;
2)
Leandro Narloch, Politicamente Incorreto
(O guia dos guias, uma seleção das melhores polêmicas da história do Brasil, da
América Latina e do mundo), São Paulo, LeYa, 2015.
AUTOR
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CITAÇÕES
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COMENTÁRIOS
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Guaracy p.
19.
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“(...) a
violência bárbara da ocupação portuguesa, marcada pela escravização e, depois,
pelo extermínio da civilização nativa”.
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Civilização
vem de civitas, cidade – se os índios brasileiros e americanos (salvo os
Pueblos) não tinham cidades (diferentemente dos andinos e dos da América
Central), não podiam a rigor ser chamados de civilizados. Quanto à
escravização no próprio século que ele aborda, Narloch disse na página 49:
“(...) a ponto de o imperador Carlos V, em 1550 [precedendo Dom Pedro II em
130 anos], interromper as ações de colonização para debater a moralidade da
conquista espanhola”. Que povo já fez isso? Os japoneses pararam a conquista
da Manchúria para discuti-la? Ou os ingleses quando atacaram a França? Não
houve extermínio nenhum, pelo contrário, foram na estimativa mais ampla de
3,5 milhões expandidos para 68 milhões em 2015 - 19,4 vezes - através da
mestiçagem.
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Narloch p.
28/29.
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“Perceberam
que muitos nativos se mudaram para vilas por iniciativa própria (...)”. “A
escravidão indígena tinha sido proibida pelo rei Dom Pedro II de Portugal em
1680, e vetada novamente, um século depois, pelo marquês de Pombal,
primeiro-ministro do reino português”. “(...) ‘demonstrando, portanto, que
eles jamais foram extintos, como afirmou a historiografia tradicional’”.
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Não foram suprimidos,
miscigenaram-se por vontade própria a ponto de haver ADRN mitocondrial deles
em 33 % da população brasileira, em 2015 204 milhões, o vasto contingente de
68 milhões (compare-se com a situação dos EUA), população maior que a da
França (65,5 milhões em 2010). Foram para as vilas porque a vida lá era
EXTRAORDINARIAMENTE SUPERIOR às das aldeias. E algum historiador lembrou que
as contas, os vidros, as bugigangas trocadas com os índios eram milhares de
anos mais avançadas em termos de industrialização que as coisas meramente
colhidas por eles.
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Parece que
as coisas vêm sendo torcidas por um tipo de contadores-jornalistas que nem são
historiadores mesmo; para grande decepção minha, que tendo a acreditar em todos
e cada um.
Por aí se vê
que, do lado espanhol desde 1550, do lado português a partir de 1680 os índios
não foram mais escravizados (foi porisso que, infelizmente, eles escravizaram
os negros; por conseguinte, os índios não lutaram por toda sua liberdade, em
parte foram contemplados por ela, mesclando-se alegremente com brancos e negros
através dos 500 anos).
A MÚSICA QUE MARTINHO SEM SABER DE NADA CANTA
Tribo dos Carajás
Tribo dos Carajás
Noite de lua cheia Aruanã! Menina moça é que manda na aldeia A tribo dança e o grande chefe pensa Em sua gente Que era dona deste imenso continente Onde sonhou sempre viver da natureza Respeitando o céu Respirando o ar Pescando nos rios E com medo do mar
Estranhamente o homem branco chegou
Pra construir, pra progredir, pra desbravar E o índio cantou O seu canto de guerra Não se escravizou Mas está sumindo da face da Terra.
Aruanã! Aruanã Açu,
É a grande festa De um povo do alto - Xingu
Martinho da Vila
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Fica posto
que há gente que ataca o Brasil, não se sabe a troco de quê. As pessoas (como
Sérgio Buarque de Holanda, historiador pai do compositor Francisco Buarque de
Holanda) são livres para tal, o nome disso é liberdade, mas não podem esperar
que não contestemos. Se for verdade, embora deplorando aceitaremos como tal,
mas se for mentira devemos denunciar.
Em resumo,
as posições antagônicas devem ser enfileiradas e os assuntos amplamente
investigados – então os transgressores devem ser denunciados.
Serra,
domingo, 17 de outubro de 2015.
GAVA.
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