Personagens Non
Gratas V – O Autor dos Autores
A quarta reunião das personagens foi feita no
mesmo bufê de Santa Lúcia, “já que tinha dado certo”; na realidade elas apenas
não saíram na bordoada, de tão interessadas que estavam na mensagem, além de
haver todo aquele policiamento ostensivo, claro. As que não tinham “captado
vossa mensagem, amado mestre”, ficavam cutucando as outras, falando gracinhas,
implicando mesmo, uma chatice que atrapalhava quem queria ouvir.
Pois houve uma segunda palestra, de outro autor,
tido como muito esperto e que vinha aprofundando suas pesquisas, deste jeito e
com esta pergunta: se as personagens (dos livros, das revistas, etc.) podiam
olhar para fora das páginas até enxergar os autores (também acontecia de os
autores piedosos entrarem nas estórias para tentar ajudar), SERÁ que não
existiria um autor criando os autores?
OS AUTORES QUE
ENTRARAM NO JOGO PARA AJUDAR – iluminados, criadores de “religiões de
elevação” que permitiam às personagens se elevar acima das páginas onde estavam
retratadas em vidas muito curtinhas.
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As personagens estavam estarrecidas.
Haveria um Jogo geral, como bonecas russas
encaixadas umas dentro das outras? 13º Andar sugeria essa projeção.
Deus é o autor dos autores e a Natureza é o palco onde todos inocentemente
atuam? Como é que alguns personagens despertam? Que mecanismo é esse que admite
aos bonecos dos jogos de Internet acordar e olharem para cima?
Nisso, várias personagens ali presentes
olharam para cima, como Trumann faz no filme, e sentiram um arrepio profundo
que lhes tocou a alma-personagem. Nós pensamos que estamos vivos, mas na
verdade somos apenas impulsos eletrônicos? Elas duvidaram, pois “pensavam
mesmo”, “queriam mesmo”, assim como Descartes tinha dito: “penso, logo existo”.
Não havia personagens que criavam outras
personagens em livros, em filmes, em poesias, em revistas, de todo modo? Para
cima e para baixo? Como isso seria possível? Alguns respondiam que era o autor
criando personagem que criava personagem, livro dentro de livro, jogo dentro de
jogo. Que embaraçoso e incompreensível!
Será que alguém poderia visualizar todas as
bonecas, desde a menorzinha até a maior? Será que Buda viu isso? Será que Jesus
nos contou, naquilo de “na mansão de Meu Pai há muitas moradas”?
As personagens ficaram assombradíssimas e foi
a segunda vez que não houve tumulto, nem pancadaria, o que já era uma vitória,
pois estavam unidas na busca da verdade.
Até onde isso iria?
Serra, terça-feira, 23 de outubro de 2012.
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