terça-feira, 25 de outubro de 2016


Falandando

 

Tenho ido à padaria de manhã e depois do almoço. Nesse dia coincidiu que paguei e ia saindo, era fim de turno de uma delas, ela saiu, fui atrás capengando do meu joelho direito, ela estava andando devagar (quando elas estão naquele passo firme delas é ruim de acompanhar), não estava com pressa de chegar, moramos na mesma direção e sentido, ela uma pouco além, fui calmamente, mulher tem uma memória do cão, elas lembram de tudo.

- Vaca.

- Demente.

- Garotinho metido a besta.

Coloquei o celular em modo de gravação.

- Gigolô.

- Vaca (não sei se era a de cima que tinha voltado ou se era outra, nem sei se a ordem era cronológica ou topo de ódio).

- Cérebro de galinha.

- Corno.

- Velho caduco (seria eu?).

Ela olhou para trás, pensando estar sendo seguida, viu que era eu, cumprimentou, vi que não era comigo, não ficou vermelha.

- Jamanta.

- Baleia (não sei se estavam juntas ou não).

- Maconheiro.

- Ladrão.

E assim foi um tempo, cheguei à minha rua e casa, ela notou o movimento, cumprimentou de novo e eu, tentando ser simpático para escapar, “até amanhã, minha filha”.

E ela “até”.

Será que ela classificava todos ou só os que não gostava?

Fiquei pensando: então é porisso que as atendentes estão sempre de bom humor!

Do dia seguinte em diante eu era só sorrisos.

Serra, quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016.

GAVA.

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