Falandando
Tenho ido à padaria de manhã e depois do
almoço. Nesse dia coincidiu que paguei e ia saindo, era fim de turno de uma
delas, ela saiu, fui atrás capengando do meu joelho direito, ela estava andando
devagar (quando elas estão naquele passo firme delas é ruim de acompanhar), não
estava com pressa de chegar, moramos na mesma direção e sentido, ela uma pouco
além, fui calmamente, mulher tem uma memória do cão, elas lembram de tudo.
- Vaca.
- Demente.
- Garotinho metido a besta.
Coloquei o celular em modo de gravação.
- Gigolô.
- Vaca (não sei se era a de cima que tinha
voltado ou se era outra, nem sei se a ordem era cronológica ou topo de ódio).
- Cérebro de galinha.
- Corno.
- Velho caduco (seria eu?).
Ela olhou para trás, pensando estar sendo
seguida, viu que era eu, cumprimentou, vi que não era comigo, não ficou
vermelha.
- Jamanta.
- Baleia (não sei se estavam juntas ou não).
- Maconheiro.
- Ladrão.
E assim foi um tempo, cheguei à minha rua e
casa, ela notou o movimento, cumprimentou de novo e eu, tentando ser simpático
para escapar, “até amanhã, minha filha”.
E ela “até”.
Será que ela classificava todos ou só os que
não gostava?
Fiquei pensando: então é porisso que as
atendentes estão sempre de bom humor!
Do dia seguinte em diante eu era só sorrisos.
Serra, quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016.
GAVA.
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