Débil Mensal
Metade dessa gente que você vê nas ruas não é
normal.
A PGE (Psiquiatria Geral do Estado) foi
encarregada pelo governador de dar a ela um atestado de regularidade
psicológica (ARP) que vale por um mês, depois sendo necessária recondução ao edifício
da PGE, que fica ali na Praia do Canto, perto do novo prédio da PEDROBRÁS na
Reta da Penha.
Olhando assim você não diz.
Porém, você sabe que Caetano disse “de perto
ninguém é normal”, o que não é completamente verdadeiro, pois sabemos que pela
Curva do Sino metade é, enquanto 1/40 é completamente normal.
O preocupante é a metade excluída da
normalidade.
Nós estamos passando por ela e convivendo com
ela o tempo todo, inclusive em nossas casas e nos nossos trabalhos, vou te
dizer, a gente corta um fino, tem de ficar de orelha em pé, o equilíbrio é
periclitante, é afanoso, e está em constante processo de debilitamento, dado
que a mensagem dos iluminados está começando a falhar.
Pior ainda!
Lembre-se que somos governados. Lembre-se dos
juízes do Legislativo, do governantes do Executivo, dos políticos dos
Judiciário, dos empresários. E trema.
Vixe, chego a ter uns tremeliques. Minhas
pernas ficam bambinhas quando penso que cruzamos com eles todos os dias, sem
sequer saber se são ou não. Poderíamos pedir a carteirinha, mas e o fora? E se
não for, a vergonha que passaremos? DE FORMA que ninguém pergunta. Poderia
também indagar: você toma o remedinho? E se não tomar? E se a pessoa não tomar
o remedinho? Isso não é conclusivo, poderia ser por esquecimento (e você
estaria em perigo), entende? Pode não ter comprado, podem ser mil as razões.
Você corre o risco.
E tem de ficar olhando de banda, para ver se
há algum sinal sutil de mudança de eixo. Às vezes, no serviço, um colega começa
a falar sozinho, é inexplicável, os pelinhos da nuca ficam em pé, todos
ouriçados, corre uma carga de adrenalina nas costas, que ficam duras e
doloridas, tensas.
Ou no ônibus um qualquer coloca o rádio alto,
pode ser um sinal, talvez ele endoide no momento seguinte, não há como saber,
há uma tensão da qual não conseguimos escapar. É dolorosa, essa tensão nervosa,
ninguém resiste muito tempo a essa pressão.
Você também não tem como conversar, porque, e
se for um deles? E se ele começar a gritar como em Invasão de Corpos e se
vários estiverem ao redor e se os seus não quiserem ajudar?
O nervosismo reina.
Estou desintegrando.
Serra,
quinta-feira, 02 de agosto de 2012.
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