Comandante Beiçola
No Brasil “levar no
beiço” tanto pode ser enganar com palavras quanto empurrar para frente, do
mesmo modo que “empurrando com a barriga”, empurrar sem parecer estar fazendo,
sem colocar as mãos.
Há ainda no Fisco estadual do ES alguém que
chamarei de Bitola, um paraplégico que ao ingressar na categoria entrou com
ação para ser empossado, embora fosse exigência aos então ATE (agente de
tributos estaduais) I subir em caminhões para vistoriar cargas e várias outras
atividades que um paralítico (agora cadeirante) não poderia jamais cumprir a
contento. Passados 15 ou 20 anos (nos quais ficou em atividades internas,
sentado, enquanto os colegas iam enfrentar as dificuldades em nome dele) entrou
com ação contrária, exigindo ser aposentado por não poder cumprir as tarefas.
Ganha hoje mais de 17 mil, mais de 25 salários mínimos.
No Brasil existem inúmeros e expressivos
chavões traduzindo nossa alma infantil-medonha, por exemplo, “ganhar no grito”,
fora da legalidade, simplesmente esbravejando e exigindo. “Ir na barrigada” é a
mesma coisa de “empurrando com a barriga”.
No “país do jeitinho” em que a lei é posta de
escanteio, onde existem tantos “quebra-galho” que torcem os limites da
legalidade não admira mesmo nada terem feito de 1988 a esta parte 4,2 milhões
de leis nos três níveis de governo: NÃO CONFIAM NOS BRASILEIROS e precisam
manietá-los de todo modo possível e imaginável.
É o personagem, o comandante Beiçola, o que
leva no beiço, o que se acha mais esperto que os outros e quer submetê-los com
subterfúgios.
LEVANDO
NO BEIÇO
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Esse era do bem.
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Essa é do mal, mas é mal a favor.
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Paraguai e Brasil.
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Namoro esquisito, foi muita conversa.
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Cada qual acha todos os demais estúpidos.
É tanto que virou verbo: beiçar.
As pessoas dizem: vou almoçá-lo antes que me
jante. Quer dizer, praticar um golpe preventivo. Mais que golpe de estado, há o
permanente “estado de golpe”, quase todo mundo golpeando quase todo mundo.
Acho que faz sentido fazer um livro, Beiçar Brasil, e uma revista em
quadrinhos com o Comandante Beiçola, assim como Luís Fernando Veríssimo criou o
Ed
Mort (é de morte). No final é o Malandro Agulha (sai furando tudo, mas
só leva na b*).
Um dia ainda vamos rir disso tudo, mas por
enquanto não é engraçado, de modo nenhum.
Serra,
terça-feira, 14 de agosto de 2012.
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