Oficina de Achômetro
Jorginho estava agoniado porque os
aparelhos de afinação tinham quebrado e os “eu acho” não estavam podendo ser
afinados. A aceitação dos cientistas/técnicos ia de 100 a 75 %, a dos
filósofos/ideólogos de 75 a 50 %, a dos teólogos/religiosos de 50 a 25 %, a dos
magos/artistas de 25 a 00 %, invenção total que nem queria se parecer com
verdade.
Dentre os artistas havia os prosódicos
fixados na ficção dita científica que precisavam fazer as letras parecerem
científicas ou pelo menos técnicas, porisso queriam seus parecerômetros bem
afiados.
Jorginho estava todo sem graça,
clientes de anos, dois ou três até de décadas, mas que azar danado! Acontecer
logo agora que os romancistas querem fazer seus textos parecerem história! Chamam
de “romance histórico” depois de passar pela oficina, serão seria só
invencionice.
Era a falta de graça da falta de
graça. Os artistas das letras estavam usando muito os aparelhos para dar
seriedade às suas invenções histriônicas e com isso sobrecarregaram os instrumentos
sérios da oficina, puta merda!
Por exemplo, os tecnocientistas não
queriam dizer “eu acho”, iam à oficina do Jorginho e saíam de lá com teorias
científicas ou pelo menos provas, teoremas, lemas, corolários. Transformar “eu
acho” em teoria científica sem o “achômetro” para graduar era um “o” para
conferir, o “o” do borogodó, uma coisa de doido, Jorginho porejava, a testa
dele despejava cataratas de água, era dureza.
Sem o “achômetro” era obrigado a usar
o parecerômetro dos artistas, com resultados deploráveis para os conhecimentos
altos.
Os tecnocientistas não poderiam ficar
no “eu acho”, tudo devia ser tido como verdadeiro. Imagine se o Aquecimento
Global fosse tido apenas como “eu acho”? E tantas e tantas vezes que o “eu
acho” fora convincentemente posto de lado? Tudo trabalho da oficina do
Jorginho. E todas aquelas vezes que os T/C disseram taxativamente que iria
acontecer isso e aquilo, não acontecia, mas aí já era outra geração e tudo era
esquecido? Se não fosse pelo achômetro do Jorginho nada daquilo teria sido
possível, tudo teria desmoronado.
ESQUECIMENTO
GLOBAL (tantas
coisas afirmadas como verdadeiras!)
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Jorginho estava passado!
E não era apenas no Brasil. Só que no
estrangeiro os achômetros eram de melhor qualidade, mais bem afinados e tudo
parecia mais verdadeiro e mais difícil de contestar.
Serra, terça-feira, 10 de abril de
2012.
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