As
1001 Noites
O bar da Rua da Lama
em Jardim da Penha, Vitória, teve iniciativa bastante interessante: em imitação
de Sherazade decidiu editar as “1001 Noites”, quando ela contava estórias
inacabadas ao sultão com o qual casara e que tinha o estranho e péssimo costume
de matar as sucessivas esposas após ficar com cada uma apenas uma noite. Para
livrar-se, ela contava essas estórias incompletas, prometendo terminá-las no
dia seguinte, quando deixava outra por terminar. Assim foi dilatando o tempo
até o sultão se apaixonar por ela e livrá-la do assassinato. Em todo caso, era
assassino, mas os “grandes” não são julgados tais e não são julgados (nem muito
menos condenados; lembra-se de Henrique VIII?)
Fizeram diferente.
Além de venderem os
livros em tradução direta do árabe e as inúmeras edições deturpadas, assim como
obras de comentários, fizeram palestras analisando-os e passaram filmes antigos
ou mais recentes, por exemplo, Simbad, o Marujo.
FILMES DAS 1001 NOITES
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Não era “baratinho”
freqüentar, porque cada qual pagava como se em cinema estivesse, pois a
marcação do sindicato das salas de exibição era eficaz. Ninguém reclamava, por
ser novidade nunca vista em lugar nenhum do mundo, ser oferta bem cuidada, o
chope geladíssimo, os salgados perfeitos e assim por diante.
Se existia um filme
antigo e um recente, remake, os dois eram passados, um mais cedo e outro
depois.
Palestrantes traziam
seu conhecimento.
Embaixadores dos
países árabes se fizeram presentes, vindos de Brasília, bem como artistas e
cientistas muçulmanos; cônsules vieram do Rio, um ou outro dignitário, afinal durariam
1.001 noites (2,74 anos). Mesmo custando 50 por pessoa/dia (com direito a
couvert) e patrocínio de várias empresas árabes, inclusive petrolíferas, custou
um dinheirão e capacidade logística admirável.
Não foi muita gente
logo de início, as pessoas contavam fosse a iniciativa cair aos pedaços logo em
seguida, mas não foi assim, seguiu fiel até o fim. Em algum momento a coisa
toda estava consolidada e tão famosa a ponto de sair nos jornais brasileiros de
grande circulação e nas revistas, inclusive Veja. Vitória ficou famosa, os
convites eram verdadeiramente disputados a tapa. Foi preciso combinar com o
governo para fazer as apresentações na área livre do IBC (Instituto Brasileiro
de Café) situado no bairro.
Deu tão certo que os
países árabes compraram a iniciativa, o bloco dela devendo circular por lá sem
bebidas e com alguns cortes. Nos demais países houve liberdade, exceto na
Índia, onde beijos em público são proibidos, e na China, onde agarração não é
bem vista. Em todo caso os filmes antigamente não contavam com isso, e as
passagens aonde a imoralidade dos contos vinha à tona foi abrandado.
Nunca pensei em ver
uma coisa do ES dar certo, mas essa deu.
Fiquei de queixo
caído.
Aplaudi.
E, claro, eu estava
lá na primeira fila e no primeiro momento, afinal de contas sou fã das 1001 Noites. Custaram 50 mil no mínimo
(mais, por conta das bebidas e salgadinhos, talvez o dobro, mas não falhei um
dia, já estava aposentado; aproveitei para fazer os milhões de negócios que
passei aos meus filhos).
Serra, quinta-feira,
03 de maio de 2012.
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