Adiversário
Aquele cara
argumentou comigo que depois dos cinco primeiros anos, de que ninguém se lembra
bem, a gente não sente quase dor quase nenhuma (fora as de dentes, se não
tratar) até bem tarde, 40 anos ou mais, e quando elas começam a acontecer - para
uns mais cedo que para outros - não param mais.
Depois dos 40 ou dos
50 não há um dia sem dor, exceto para alguns felizardos que nem se dão conta
das dores dos demais, ficamos felizes por eles.
Disse que até essa
idade do princípio das dores comemoramos aniversário e daí para frente o
aniversário-adversário, o adiversário.
PARABÉNS PRA VOCÊS (a saúde é infinita
enquanto dura)
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Gente velha reunida.
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Gente jovem cheia de companhia.
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Até que venham tais
dores ninguém agradece, não estar sofrendo-as, ao passo que quando começam
reclamamos o tempo todo.
Concordei em gênero,
número e grau.
DOLORES INDISPOSIÇÃO
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Ou é photoshop ou é um em um milhão.
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Dói em tudo.
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Não permanece, não; velhice é corporal.
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A gaveta dos comprimidos.
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Há reuniões dos
alcoólicos, dos desejosos de abandonar as drogas e dos workoólicos, mas ninguém
apóia os que sentem dores. Você já viu reunião de gente com dor? Quem vai
querer ouvir reclamações?
Bem que podia haver,
não para reclamar, mas para conversar sobre soluções, que médicos procurar, que
tratamentos freqüentar, onde estão as melhores academias de ginástica em cada
caso e assim por diante. COM TANTOS VELHOS, em número crescente, todos com
dores, certamente vamos chamar atenção de algum vereador se pelo menos pudermos
nos arrastar em passeata sem sermos atropelado por qualquer motorista
aborrecido com a lentidão da nossa marcha de protesto, ou com as cadeiras de
rodas dos companheiros e companheiras.
Ou podemos escrever
cartas se pudermos fazê-lo com artrose e tudo ou mandar e-mail para os
governantes, se pudermos digitar.
Ai, tá difícil
escrever.
Deixe-me parar um
pouco.
Serra, quarta-feira,
09 de maio de 2012.
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