sexta-feira, 5 de outubro de 2018


A Via Mental do Super-Umbigo

 

A gente fala disso tudo como se estivéssemos alimentando o corpo, porque é ele que é MAIS MATERIAL e pesado: podemos contar que num corpo como o meu, em torno dos 85,5 kg (para dar contas com zeros), haja um cérebro de menos de 1,5 kg, proporção de 57/1.

Se a gente pensa direito, vê que o corpo não sente nada, são os nervos que dão notícia ao cérebro; de fato, os “sentidos do corpo” são sentidos da mente, sentidos mentais, e a cada aparelho-máquina exterior corresponde um programa interior, digamos olho-exterior e olho-interior.

AS VIAS QUE ALIMENTAM A MENTE (chamei de “tecnartes do corpo”, mas seria mais apropriado dizer “T/A da mente”)

1.       Interpretações mentais da visão: prosa, poesia, pintura, desenho, fotografia, dança, moda, etc.;

2.       IM do paladar: comidas, bebidas, temperos, pastas, etc.;

3.      IM do olfato: perfumaria, etc.;

4.      IM da audição: músicas, discursos, etc.;

5.      IM do tato: cinema, teatro, urbanismo, arquiengenharia, tapeçaria, esculturação, paisagismo, decoração, etc.

CURVA DO SINO DAS COMPETÊNCIAS (duplas, uma das máquinas externas, outra dos interpretadores internos)

Descrição: http://pftsite.com/images/bellshapedcurve.gif
Descrição: http://www.tiosam.org/enciclopedia/imagem2.asp?pic=thumb/1/14/Standard_deviation_diagram.gif/300px-Standard_deviation_diagram.gif

Tudo isso se esforça por fornecer CONTÍNUO FLUXO DE DADOS às mentes humanas insaciáveis, que sempre pedem mais, mais, mais, eternamente mais – tanto somos gordos de comidas, bebidas, pastas e temperos (comunicados pela língua-paladar) quanto das outras sensações todas, milhões de livros da prosa e da poesia, centenas de milhares de quadros, desenhos e fotografias, fúrias dançantes, bilhões de peças de roupas.

O corpomente humano é voraz programáquina assimilando tudo, se empapuçando interminavelmente dia após dia, noite após noite, ano após ano. Filmes, peças teatrais, perfumes caríssimos, centenas de milhares de músicas em cada país principal, desbundes decorativos, super-imaginações da arquiengenharia, tapetes de sonho, esculturas transcendentais e não sabemos mais o quê despontará quando levantamento metódico for feito.

Na realidade, a mente está sob bombardeio de fluxos, que ela mesma pede; é infernal, é sadomasoquismo: a mente masoquista pede para ser chicoteada permanente e insistentemente. Um fluxo constante de dados, voltados para a elevação dos níveis de satisfação, até chegar naqueles caras da overdose, cujas mentes, podemos ver agora, são queimadas pelo excesso de brilho, literal de metaforicamente.

Bombardeadas para além do suportável.

Tão intensamente submetidas ao prazer que ultrapassam as barreiras humanas do tolerável.

O duto umbilical que liga o feto com sua mãe é todo prazer sem nenhum desprazer. O que os drogados querem, infantilmente, é isso, retornar ao útero, como disse a Rita Lee.

A RITA QUER O PRAZER INESGOTÁVEL

Barriga de Mamãe
 
Ai que pavor quando leio o jornal
É só desgraça, é só baixo astral
Meu diploma dependurado na porta
É o quadro de uma natureza morta
(Refrão)
Ando na rua com medo de ladrão,
Mas se vejo os "hôme" eu levanto logo as mãos
Desconfio que o patrão me explora
Minha empregada pede aumento ou vai embora
(refrão)
Futebol tá virando chanchada
Carnaval já virou marmelada
Manda-chuva bobeou leva chumbo
Trabalhador paga os pecados do mundo
Quero voltar invisível
Pra dentro da barriga da mamãe

Serra, segunda-feira, 29 de agosto de 2011.

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