segunda-feira, 20 de agosto de 2018


Trânsito Impedido

 

Depois que Gabriel, Clara e eu chegamos mais ou menos ao mesmo tempo à desilusão quanto à posse do objeto de desejo de quase todos, o carro, comecei a ver o lado negativo dele: algo de 1.500 kg carregando uma pessoa de 70 a 80 kg num dos maiores desperdícios de todos os tempos em termos de matéria e energia. Teria dado para construir uma civilização muito maior e muito melhor.

ASPECTOS NEGATIVOS

·       A poluição por gases particulados e chumbo.

·       Os engarrafamentos enormes, que em São Paulo capital chegam a 100 km de comprimento ou mais.

·       A dificuldade de estacionar.

·       As batidas com feridos e mortos.

·       Os gastos elevados exigidos das pessoas em consertos.

·       O consumo de energia, em particular combustíveis fósseis que em poucas décadas terão desaparecido; alternativamente o petróleo poderia ter sido usado em coisas maravilhosas.

·       E tantas, tantas coisas ruins que é mesmo de perguntar o preço geral e final que teremos pagado pelo conjunto dos carros nos 200 anos em que terão existido logo mais, quando forem encostados.

Claro, catapultaram certas indústrias, o comércio e os serviços a níveis estratosféricos, particularmente a indústria do aço e as superindústrias que constroem outras com suas maquinarias pesadas e pesadíssimas. A engenharia mecânica não teria se desenvolvido tanto e é difícil ver o século XX sem os caminhões de transportes e os automóveis. Para o bem e para o mal criaram nossa civilização tal como é agora.

A CURVA DO SINO ESPIRAL DOS VEÍCULOS

O bem e o mal giram em torno um do outro também no caso do transporte geral, em particular do rodoviário.
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Deveria ser feito um livro com duas cores, em vermelho e azul, o azul nobre primeiro e depois as dificuldades, explorando-se nele os dois lados da presença dos veículos, fazendo-se uma pesquisa desapaixonada de grande porte, mundial, sobre as benesses e os desconcertos.

Ao tempo bom sobreveio o ruim, este de agora, em que há excesso de veículos, mais do que um bilhão deles entupindo as ruas.

Como já disse as quadras são como ilhas, os bairros como arquipélagos e o pedestre ou o usuário de bicicletas não tem qualquer direito, mesmo nas calçadas. Ficamos verdadeiramente ilhados. Do bem provém o mal e vice-versa: tendo aparecido TANTAS ruas (em São Paulo, parece, são dezenas de milhares – seria interessante contar aproximadamente, por ordem de grandeza, quantas são no mundo), se 90 % delas forem fechadas teremos no planeta automaticamente MILHÕES DE PRAÇAS para convívio. Talvez os automóveis devam servir para viagens intermunicipais, o resto da movimentação se dando através de ônibus, todo gênero de coletivo; ou eles devem ser restringidos a poucas ruas, impedindo-se em geral o trânsito.

Algo deverá ser feito e através do planeta neste século as ruas e avenidas deverão ser fechadas, com o trânsito quase todo impedido para veículos pequenos, exceto nas ruas de cores próprias, com isso aparecendo essas centenas de milhares de praças.

Vitória, sexta-feira, 22 de junho de 2007.

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