Trânsito Impedido
Depois que Gabriel, Clara e eu chegamos mais
ou menos ao mesmo tempo à desilusão quanto à posse do objeto de desejo de quase
todos, o carro, comecei a ver o lado negativo dele: algo de 1.500 kg carregando
uma pessoa de 70 a 80 kg num dos maiores desperdícios de todos os tempos em
termos de matéria e energia. Teria dado para construir uma civilização muito
maior e muito melhor.
ASPECTOS
NEGATIVOS
· A poluição por gases
particulados e chumbo.
· Os engarrafamentos
enormes, que em São Paulo capital chegam a 100 km de comprimento ou mais.
· A dificuldade de
estacionar.
· As batidas com
feridos e mortos.
· Os gastos elevados
exigidos das pessoas em consertos.
· O consumo de energia,
em particular combustíveis fósseis que em poucas décadas terão desaparecido;
alternativamente o petróleo poderia ter sido usado em coisas maravilhosas.
· E tantas, tantas
coisas ruins que é mesmo de perguntar o preço geral e final que teremos pagado
pelo conjunto dos carros nos 200 anos em que terão existido logo mais, quando
forem encostados.
Claro, catapultaram certas indústrias, o
comércio e os serviços a níveis estratosféricos, particularmente a indústria do
aço e as superindústrias que constroem outras com suas maquinarias pesadas e
pesadíssimas. A engenharia mecânica não teria se desenvolvido tanto e é difícil
ver o século XX sem os caminhões de transportes e os automóveis. Para o bem e
para o mal criaram nossa civilização tal como é agora.
A
CURVA DO SINO ESPIRAL DOS VEÍCULOS
O bem e o mal giram em torno um do outro
também no caso do transporte geral, em particular do rodoviário.
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Deveria ser feito um livro com duas cores, em
vermelho e azul, o azul nobre primeiro e depois as dificuldades, explorando-se
nele os dois lados da presença dos veículos, fazendo-se uma pesquisa
desapaixonada de grande porte, mundial, sobre as benesses e os desconcertos.
Ao tempo bom sobreveio o ruim, este de agora,
em que há excesso de veículos, mais do que um bilhão deles entupindo as ruas.
Como já disse as quadras são como ilhas, os
bairros como arquipélagos e o pedestre ou o usuário de bicicletas não tem
qualquer direito, mesmo nas calçadas. Ficamos verdadeiramente ilhados. Do bem
provém o mal e vice-versa: tendo aparecido TANTAS ruas (em São Paulo, parece,
são dezenas de milhares – seria interessante contar aproximadamente, por ordem
de grandeza, quantas são no mundo), se 90 % delas forem fechadas teremos no
planeta automaticamente MILHÕES DE PRAÇAS para convívio. Talvez os automóveis
devam servir para viagens intermunicipais, o resto da movimentação se dando
através de ônibus, todo gênero de coletivo; ou eles devem ser restringidos a
poucas ruas, impedindo-se em geral o trânsito.
Algo deverá ser feito e através do planeta
neste século as ruas e avenidas deverão ser fechadas, com o trânsito quase todo
impedido para veículos pequenos, exceto nas ruas de cores próprias, com isso
aparecendo essas centenas de milhares de praças.
Vitória, sexta-feira, 22 de junho de 2007.
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