quinta-feira, 23 de agosto de 2018


Critérios de Demolição

 

Com a evolução até 2050 da população a uns 12 bilhões e 120 anos depois a redução a dois bilhões sobrariam já muitas construções de todo tipo, de então, mais de 80 % de quase o dobro de agora, digamos uns 150 % do que temos, o que é muito.

Mais ainda, como se trata de construir milhões, centenas de milhões de anéis com os parquescolas no centro sobrará muito pouco de interessante no patrimônio atual, exceto por bastante dever ser preservado para representar a geo-história porca de até agoraqui, de total desprestígio da gente quase toda, quer dizer, dos 80 % que não são ricos ou médio-altos e até mesmo deles. De fato, o que existe de edificações medonhas não está no gibi, é um absurdo mesmo, uma enormidade indizível, pantragruélica.

Entrementes, o que demolir?

Quem é que sabe o que vale a pena manter?

Pois veja, embora eu seja a favor de manter o esforço humano, aproveitando ao máximo as construções antigas para fazer o novo, a verdade é que logo de cara as favelas, as palafitas, os lixões, os alagados, os bairros de lata teriam mesmo de sumir (o que demorará mais, pois os ricos e médio-altos irão à frente, adotando o modelo e financiando os outros). Depois, há tudo de torto, de enjambrado, de empenado, de não-condizente com a mínima beleza: tudo que está posto em não-retângulos, espremido entre lotes, todas as esquisitices.

A seguir vem as coisas construídas às margens de rios na zona de proteção ciliar, em mangues, à beira de lagoas, de praias, em ilhas onde não se deve fazer nada e todo gênero de construção ecologicamente deplorável, bem como os prédios feios por natureza ou descuido dos projetistas, os perigosos, os velhos demais, tudo aquilo que a consciência atenta aconselhar fazer desabar sem dó nem piedade. Há os prédios com projetos ruins de engenharia e arquitetura, aqueles não-artísticos e assim por diante. Em vez de aproveitar esses materiais ruins é preferível apenas implodir tudo, retirar os entulhos do terreno, limpar, revitalizar o solo, replantar, atingir clímax florestal e vital.

Quando às partes da demolição, faz sentido reduzir literalmente tudo a pó muito fino, uma mistura daquilo que for triturado e passado na peneira servindo para novos tijolos segundo alguma fórmula futura.

O objetivo, certamente, é desnudar os lotes, milhões deles em todo o planeta para no lugar reconstruir a primeira natureza biológica-p.2 com fungos, plantas, animais e primatas. Nisso levaremos uns 100 anos ou menos, até o planeta ficar inteiramente limpo dos desacertos.

São dois movimentos:

1)       O de construção exponencial dos anéis às centenas de milhões em 150 anos;

2)      O de desconstrução geral, restando apenas o que for geo-historicamente relevante, segundo os critérios de demolição.

Vitória, sexta-feira, 13 de julho de 2007.

Nenhum comentário:

Postar um comentário