Hiperbeleza

 

Desde as cavernas, passando pelas pós-cavernas, pelas pré-cidades e pelas cidades, desde Jericó há 11 mil anos as mulheres vem acumulando produtos de beleza, mais ainda quando os homens decidiram atendê-las e muito mais desde 500 anos quando a tecnociência juntou-se ao processo. De poucos, chegaram aos milhares. Seria muito interessante algum livro alentadíssimo de computador (porque serão necessários muitos gigas de memória para palavras e fotos) listar o máximo possível.

PRODUTOGANIZAÇÕES DE BELEZA (economia e sociologia da beleza oficial) – milhares e milhares de produtos e elas sonham com isso.

As prateleiras delas ficam entupidas de perfumes, cremes e sei lá mais o quê. Que percentual das rendas dos pais e depois dos maridos ou suas próprias gastam com produtos de beleza? Quantos são eles em média e por classe de riqueza? Quantas são as lojas dedicadas a tratamentos faciais, de cabelo, de pele, de unhas, para massagens em spas, os médicos dedicados às cirurgias plásticas (o Brasil é o segundo colocando mundial nisso, embora em itens populares estejam lá para trás; o que nos mostra como as elites vão bem aqui), lipoaspirações e um número infindável de ajustes todos os dias necessários e insuficientes.

Agora, não bastando essa sujeição delas querem fazer o mesmo com os homens, convencendo os idiotas metrossexuais (que é isso?) a ficarem horas e horas nos salões e a comprarem também grandes quantidades de alteradores de aparência, cheiro e, claro, dignidade masculina. Não que devamos catingar, de jeito nenhum, os tempos são outros, mas é que os homens são guerreiros: não faria sentido na caçada parar tudo e ir ao cabeleireiro! Ou à manicure!

Naturalmente o conjunto dessas lojas constituem a céu aberto um supermercado ou hipermercado da beleza, lojão dos excessos femininos em sua competição acirrada por atenção. É um fenômeno sociológico super-significativo para a sintanálise da vacuidade de nossa civilização.

Vitória, sábado, 17 de fevereiro de 2007. Papai estaria fazendo 90 anos neste dia (se os médicos por imperícia de diagnóstico e de ação não o tivessem matado).