quinta-feira, 21 de junho de 2018


Os Restos da Caverna

 

Nem todos os pobres na década dos 1950 e 1960 podiam comer galinha todo o tempo, mas meu pai e minha mãe vindos da roça no distrito de Burarama em Cachoeiro de Itapemirim, sendo descendentes de italianos tinham bem firme idéia da necessidade de boa alimentação na formação das crianças.

A DISTRIBUIÇÃO DA GALINHA

A QUEM...
... CABIA O QUÊ
Papai
Carnes brancas do peito, mais maciças e tenras
Meus irmãos mais velhos
Coxas grandes e pequenas
Eu e meu irmão mais novo
Asas, porventura ovos, fígado, moela
Minha mãe
Cabeça, pescoço, pés e peles rejeitadas, sobre

Até hoje gosto das mesmas coisas.

Não era assim por perversidade nem perversão anti-feminina, creio que se repetia com variações em toda casa.

É a lógica, os guerreiros traziam a “grande proteína” e precisavam ser fortalecidos; as mães ficavam no fim da cadeia alimentar porque podiam coletar em volta da casa, da antiga caverna, diante do terreirão. Elas “se viravam”, no dizer do povo”, e se alimentavam de qualquer modo porque não tinham de arrancar energia para grandes usos, era tudo cíclico com quase nenhum salto energético. Para elas os gradientes energéticos eram pequenos, os degraus quase não se faziam sentir em seu eterno trabalho repetitivo.

Os restos das cavernas iam para as mães-mulheres, especialmente para as primeiras porque as mulheres, julgadas imprestáveis sem filhos, tinham menos ainda e ainda menos as menininhas, o que pode ser rastreado nas tribos que sobraram ou nas notícias que foram dadas das tribos da Idade da Pedra encontradas nos Descobrimentos.

Vitória, sexta-feira, 12 de janeiro de 2007.

Nenhum comentário:

Postar um comentário