Os Restos da Caverna
Nem todos os pobres na década dos 1950
e 1960 podiam comer galinha todo o tempo, mas meu pai e minha mãe vindos da
roça no distrito de Burarama em Cachoeiro de Itapemirim, sendo descendentes de
italianos tinham bem firme idéia da necessidade de boa alimentação na formação
das crianças.
A
DISTRIBUIÇÃO DA GALINHA
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A
QUEM...
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...
CABIA O QUÊ
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Papai
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Carnes brancas do peito, mais
maciças e tenras
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Meus irmãos mais velhos
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Coxas grandes e pequenas
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Eu e meu irmão mais novo
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Asas, porventura ovos, fígado, moela
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Minha mãe
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Cabeça, pescoço, pés e peles
rejeitadas, sobre
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Até hoje gosto das mesmas coisas.
Não era assim por perversidade nem
perversão anti-feminina, creio que se repetia com variações em toda casa.
É a lógica, os guerreiros traziam a
“grande proteína” e precisavam ser fortalecidos; as mães ficavam no fim da
cadeia alimentar porque podiam coletar em volta da casa, da antiga caverna,
diante do terreirão. Elas “se viravam”, no dizer do povo”, e se alimentavam de
qualquer modo porque não tinham de arrancar energia para grandes usos, era tudo
cíclico com quase nenhum salto energético. Para elas os gradientes energéticos
eram pequenos, os degraus quase não se faziam sentir em seu eterno trabalho
repetitivo.
Os restos das cavernas iam para as
mães-mulheres, especialmente para as primeiras porque as mulheres, julgadas
imprestáveis sem filhos, tinham menos ainda e ainda menos as menininhas, o que
pode ser rastreado nas tribos que sobraram ou nas notícias que foram dadas das
tribos da Idade da Pedra encontradas nos Descobrimentos.
Vitória, sexta-feira, 12 de janeiro de
2007.
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