sexta-feira, 25 de maio de 2018


Gabriel e Spinoza

 

Neste Livro 187 em Umbilicalmente Viciados falei da preocupação de Gabriel com a metade da Curva do Sino viciada em si mesma, quer dizer, em receber continuamente alimentos já trabalhados pela mãe através do cordão umbilical: aquela gente viciada em gozo oportunista de facilidades.

Em seu Tratado da Correção do Intelecto (obtido através da Biblioteca Virtualbooks na Internet) Spinoza coloca na página 4: “Desde que a experiência me ensinou ser vão e fútil tudo o que costuma acontecer na vida cotidiana, e tendo eu visto que todas as coisas de que me receava ou que temia não continham em si nada de bom nem de mau senão enquanto o ânimo se deixava abalar por elas, resolvi, enfim, indagar se existia algo que fosse o bem verdadeiro e capaz de comunicar-se, e pelo qual unicamente, rejeitado tudo o mais, o ânimo fosse afetado; mais ainda, se existia algo que, achado e adquirido, me desse para sempre o gozo de uma alegria contínua e suprema”.

DECIFRANDO SPINOZA

1.        O conhecimento ensina que tudo é frívolo e estúpido;

2.       Nada é realmente bom ou ruim em si mesmo, só os desejos apontam para esquerda ou direita;

3.      Existe algo que é realmente bom por natureza, o Sumo Bem de Platão?;

4.      Havendo, pode-se ensinar sobre isso?;

5.      O ânimo desanimado será afetado pelo Sumo Bem?;

6.      O gozo do SB é superior ao Prozac?

Em resumo, está garantido que o Sumo Bem permitiria ultrapassar a decepção de Gabriel com metade do desenho de mundo?

Não está garantido, porque não podemos ver o Sumo Bem realmente, pois está além da racionalidade o não-finito. Jamais saberemos. Contudo, podemos intuir, PORQUE o mundo continua sendo montado, significando que metade da Curva do Sino tem energia para si e para os deficientes, os aproveitadores. Podemos estar enganados, pois a curva é cíclica e em algum momento decairá – naquela parte baixa do ciclo pareceria que os demônios e as doenças estão vencendo. Contudo, para além disso há o fato de que o universo existe e de que o Ente-criador doou querer, arbítrio, origem do mal; o mal não pode ser originado do Ente-criador, pois ele é menor, está incluso, e por ser separação não permitiria a unidade de que depende o existir.

Esta vem a ser a garantia tanto a Gabriel quanto a Spinoza, ou seja, o prazer proporcionado pelo Sumo Bem é superior ao do Prozac, porque este é passageiro e deve ser renovado enquanto aquele é, POR DEFINIÇÃO, duradouro e pertence à eternidade. Finalmente, o modelo é passageiro, enquanto o não-finito é permanente. Por outra, é o finito e o mal que vem do não-finito e o bem, e é inventado pelo arbítrio.

Vitória, domingo, 12 de novembro de 2006.

Nenhum comentário:

Postar um comentário