Gabriel e Spinoza
Neste Livro 187 em Umbilicalmente Viciados falei da
preocupação de Gabriel com a metade da Curva do Sino viciada em si mesma, quer
dizer, em receber continuamente alimentos já trabalhados pela mãe através do
cordão umbilical: aquela gente viciada em gozo oportunista de facilidades.
Em seu Tratado da Correção do Intelecto (obtido através da Biblioteca Virtualbooks na Internet)
Spinoza coloca na página 4: “Desde que a experiência me ensinou ser vão e fútil
tudo o que costuma acontecer na vida cotidiana, e tendo eu visto que todas as
coisas de que me receava ou que temia não continham em si nada de bom nem de
mau senão enquanto o ânimo se deixava abalar por elas, resolvi, enfim, indagar
se existia algo que fosse o bem verdadeiro e capaz de comunicar-se, e pelo qual
unicamente, rejeitado tudo o mais, o ânimo fosse afetado; mais ainda, se
existia algo que, achado e adquirido, me desse para sempre o gozo de uma
alegria contínua e suprema”.
DECIFRANDO
SPINOZA
1.
O
conhecimento ensina que tudo é frívolo e estúpido;
2. Nada é realmente bom ou ruim em si
mesmo, só os desejos apontam para esquerda ou direita;
3. Existe algo que é realmente bom por
natureza, o Sumo Bem de Platão?;
4. Havendo, pode-se ensinar sobre isso?;
5. O ânimo desanimado será afetado pelo
Sumo Bem?;
6. O gozo do SB é superior ao Prozac?
Em resumo, está garantido que o Sumo
Bem permitiria ultrapassar a decepção de Gabriel com metade do desenho de
mundo?
Não está garantido, porque não podemos
ver o Sumo Bem realmente, pois está além da racionalidade o não-finito. Jamais
saberemos. Contudo, podemos intuir, PORQUE o mundo continua sendo montado,
significando que metade da Curva do Sino tem energia para si e para os
deficientes, os aproveitadores. Podemos estar enganados, pois a curva é cíclica
e em algum momento decairá – naquela parte baixa do ciclo pareceria que os
demônios e as doenças estão vencendo. Contudo, para além disso há o fato de que
o universo existe e de que o Ente-criador doou querer, arbítrio, origem do mal;
o mal não pode ser originado do Ente-criador, pois ele é menor, está incluso, e
por ser separação não permitiria a unidade de que depende o existir.
Esta vem a ser a garantia tanto a
Gabriel quanto a Spinoza, ou seja, o prazer proporcionado pelo Sumo Bem é
superior ao do Prozac, porque este é passageiro e deve ser renovado enquanto
aquele é, POR DEFINIÇÃO, duradouro e pertence à eternidade. Finalmente, o
modelo é passageiro, enquanto o não-finito é permanente. Por outra, é o finito
e o mal que vem do não-finito e o bem, e é inventado pelo arbítrio.
Vitória, domingo, 12 de novembro de
2006.
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