Cabral Inteiro e
Vasco Pela Metade
O livro de Ana Adams O Descobrimento das Índias (O Diário da
Viagem de Vasco da Gama), Rio de Janeiro, Objetiva, 1998, conta na página 126:
“A quarta armada, cuja partida estava marcada para os primeiros meses de 1502, ficou
conhecida como a ‘Esquadra da Vingança’. Cabral fora designado como
subcomandante desta frota. Mas não aceitou o cargo: depois de seus feitos na
Índia, se julgava no direito de exigir a chefia de qualquer missão. A recusa em
ocupar o cargo de subchefe da ‘Esquadra da Vingança’ lhe custaria caro: Cabral
caiu em desgraça com o rei D. Manuel e viveu no ostracismo, sem jamais retornar
à corte, até sua morte, em 1520”. Já Vasco da Gama foi bem diferente. Na volta
da Índia como descobridor recebeu uma “renda perpétua de 400 mil-réis anuais”,
ao passo que a Cabral foram dados apenas 30 mil, menos de 1/10.
Na página seguinte o livro diz que
“em 3 de outubro de 1502 Vasco da Gama cometeria o ato mais atroz de sua
carreira”: “Capturado pelos portugueses, o capitão do Mery, um muçulmano
chamado Joar Fachin, não ofereceu resistência: além dos 10 mil ducados em
mercadoria, ele também entregou os 12 mil ducados em dinheiro que seus
tripulantes traziam. Mas esse resgate não foi o bastante para salvá-lo, nem a
seus passageiros: depois de ordenar que seus soldados se apossassem de todos os
bens pessoais dos peregrinos – as jóias das mulheres e as vestes de seda dos
passageiros mais ricos -, Vasco da Gama determinou que o navio fosse
incendiado, com toda a tripulação a bordo. De acordo com o relato estarrecido
do escrivão português Tomé Lopes – testemunha ocular da cena, ‘da qual me
lembrarei para o resto de minha vida’ -, 380 homens, mulheres, velhos e
crianças foram mortos naquela manhã”.
E na página 129: “De todo modo, no
dia 31 de outubro de 1502, encerrado o ultimato Vasco da Gama mandou cortar os
pés, as mãos, os narizes e as orelhas dos prisioneiros. A seguir, ‘com paus
lhes mandou dar’ nos dentes ‘que na boca lhes meteram por dentro’ a fim de que
‘com eles não soltassem as cordas’. Pouco mais tarde, enquanto as vítimas
agonizavam, entre urros de dor e ofensas aos portugueses, Gama determinou que
fossem todos enforcados nos mastros de seus próprios zambucos”.
Cabral só não foi por não ter sido
nomeado chefe; mas, não tendo ido não saberemos se cometeria as atrocidades ou
se seria menos ofensivo. Em todo caso, foi Vasco da Gama quem fez, daí em
colocar a estátua inteira de Cabral e a de Vasco só pela metade, como para
Afonso de Albuquerque (leia o artigo Albuquerque
o Terrível no Livro 185). Veja em anexo a metade dedicada a Vasco em Uma História Universal em Banda Desenhada,
5, Vasco da Gama/Afonso de Albuquerque, Lisboa, Dom Quixote, 1982.
Quando abordam as vidas dos “grandes”
as pessoas tendem a perdoar certos gestos que fazem parte da biografia toda;
isso não deve acontecer, pois seria distorção. Também não convém frisar demais
e esquecer os grandes atos. É bom ser equilibrado.
Vitória, segunda-feira, 30 de
outubro de 2006.
CABRAL
Cabral, Pedro Álvares
(c. 1460-c. 1520), navegador português, nasceu provavelmente em
Belmonte e morreu em Santarém. Muito pouco é conhecido de sua vida, antes da
viagem à Índia, quando usava o nome Gouveia, de sua mãe Isabel Gouveia, e não
o de Cabral. Não há nenhum registro de viagens anteriores ou posteriores à de
1500. Microsoft ® Encarta ®
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Culver Pictures
Pedro
Álvares Cabral
Em 1500, o navegante português
Pedro Álvares Cabral realizou uma expedição às Índias Orientais com uma frota
de 13 barcos e mil homens a serviço do rei dom Manuel, o Venturoso. Há
controvérsias quanto à sua intenção, mas o fato é que durante sua viagem
chegou à América do Sul, mais concretamente ao Brasil (sem saber, no entanto,
que um explorador espanhol fizera essa mesma viagem três meses antes), cujas
terras reclamou para Portugal. Microsoft
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VASCO
DA GAMA
Gama, Vasco da (1469-1524),
explorador e navegante português, primeiro europeu que chegou à Índia pela
costa da África, dando por finalizada a busca que Henrique, o Navegador,
começara 80 anos antes.
Depois de ter feito seu
aprendizado marítimo como tripulante de naus francesas, Vasco da Gama
foi chamado pelo rei João II para comandar a expedição que completaria a
façanha de Bartolomeu Dias, que superara o Cabo das Tormentas ou da Boa
Esperança. Partiu, já no reinado de Manuel I, em julho de 1497, à frente de
quatro embarcações. Microsoft ®
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VASCO DA GAMA
Célebre navegador português,
nascido em Sines (1469-1524), a quem D. Manuel I confiou o comando da frota
que em 8 de Julho de 1497 largou do Tejo em demanda da Índia, e que se
compunha de quatro pequenos navios: S. Gabriel, S. Rafael, Bérrio e S.
Miguel, (este último não passou da baía de S. Brás, onde foi queimado).
ASCENSÃO
DE VASCO DA GAMA
Os Deuses da tormenta e os
gigantes da terra
Suspendem de repente o ódio da sua
guerra
E pasmam. Pelo vale onde se
ascende aos céus
Surge um silêncio, e vai, da névoa
ondeando os véus,
Primeiro um movimento e depois um
assombro,
Ladeiam-no, ao durar, os medos,
ombro a ombro,
E ao longe o rastro ruge em nuvens
e clarões.
Em baixo, onde a terra é, o pastor
gela, e a flauta
Cai-lhe, e em êxtase vê, à luz de
mil trovões,
O céu abrir o abismo à alma do
Argonauta.
Fernando Pessoa, Mensagem
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VASCO DA GAMA
(Descobridor e guerreiro, 1468 (?)
– 1524)
QUANDO
TUDO ACONTECEU...
1468
(?): Nascimento,
talvez em Sines. Filho segundo do fidalgo Estêvão da Gama - 1497: A 8 de Julho parte de Lisboa comandando frota que irá
descobrir o caminho marítimo para a Índia. A 18 de Novembro dobra o Cabo da
Boa Esperança. - 1498: A 20 de Maio chega a Calecute
e enfrenta a hostilidade do respectivo Samorim. A 5 de Outubro inicia a
viagem de regresso . - 1499: Arriba a Lisboa em fins de
Agosto; é recebido triunfalmente. -
1502/04: Segunda viagem à
Índia. Represálias contra o Samorim de Calecute
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