O Suburbano Morin
Edgar Morin é um
grande filósofo atual e tem uma boa proposta, mas no seu livro A Cabeça Bem-Feira, 9ª edição (o que é
raro no Brasil para livro de filosofia), Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 2004,
p. 57, ele diz: “O cosmo se originou ao se desintegrar. A história do Universo
é uma gigantesca aventura criativa e destrutiva, marcada, desde o início pelo
quase aniquilamento da antimatéria pela matéria, acentuada pela queima seguida
da autodestruição de inúmeros astros, da colisão de estrelas e galáxias,
aventura em que uma das metamorfoses marginais constituiu-se pelo surgimento da
vida no terceiro planeta de um pequeno
sol de subúrbio”, negrito meu, ele cometeu uma gafe terrível, verdadeiro
disparate.
Chamei a esse tipo
de pensamento “racionalismo amebiano”, tendo-o professado grandes figuras,
entre as quais Carl Sagan (astrofísico, divulgador científico, articulista,
romancista de FC agora falecido) e Isaac Asimov (bioquímico, divulgador,
articulista e romancista de FC também falecido), pois eles diziam que vivíamos
num cisco, num planeta insignificante de uma estrela totalmente comum da borda
de uma galáxia completamente trivial. Quem vive em cisco é ameba, no caso
amebas que pensam e daí o racionalismo das amebas.
No caso de Morin, se
ele vive em subúrbio é suburbano.
Não é assim como diz,
a Vida levou 3,8 bilhões de anos para montar a razão e sejamos só nós ou não
(penso que são milhares de espécies inteligentes de alta civilização só em
nossa Galáxia, com dezenas de bilhões de mundos com vida). Na realidade a
vida-racional é o cristal na ponta da lança da Criação, como venho dizendo faz
tempo. De maneira alguma é desprezível, pelo contrário, é um capital de 100
milhões de anos dos primatas, 10 milhões dos hominídeos, 200 mil dos neandertais,
80 a 70 mil dos cro-magnons, 11 mil desde Jericó, 5,5 mil anos desde a invenção
da escrita e toda uma luta pela Razão geral na civilização, uma luta de
bilhões. DE MODO NENHUM somos amebas ou suburbanos, a Vida é muitíssimo
importante, tanto se for uma só quanto se (muito melhor) forem habitados quatrilhões
de mundos no universo inteiro. E se fosse só a vida da Terra seria ainda mais significativa,
porque então no conjunto - de um a 100 bilhões de galáxias, cada qual com de
100 a 1.000 bilhões de estrelas, cada uma delas com muitos planetas, satélites
e objetos - se só houvesse vida e racionalidade na Terra ela seria
incomensuravelmente mais valiosa.
Morin, Asimov e
Sagan estão errados.
E é de tudo uma pena
que eles, como outros, tenham esposado essa tese horrível e deprimente, pois
tiveram tantas chances de ver.
Vitória, agosto de
2005.
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