Descortinando Amplos
Horizontes
Quando eu era
criança em Cachoeiro de Itapemirim, antes de 1963 (porque saímos de lá em 18 de
agosto daquele ano), quando tinha menos de nove anos meu pai - que era
motorista de caminhão próprio - me levava na boléia para alguns passeios, pois
meu irmão mais novo era muito jovem (até quatro no máximo) e meu irmão mais
velho seguinte, o segundo, tinha até 17 anos no máximo, já não faria isso.
Então, por anos seguidos era eu que ia.
MAPA DE CACHOEIRO DO ITAPEMIRIM, ESPÍRITO SANTO
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Cachoeiro é, como se
diz, muito “marrento”, “cata marra”, denomina-se “capital secreta do mundo”,
acredita-se especial, é “sebento”, orgulhoso de sua cultura. Tem menos de 200
mil habitantes agora, mas em 1963 era realmente pequena cidade, exceto pelos
padrões do ES. Situada nos vales da região cheia de montanhas de granito e
mármore (que agora explora e exporta intensa e fervorosamente), passa por
inacreditáveis temporais de raios. A cidade desenvolveu-se nesses fundos, de
forma que não víamos muito, não descortinávamos os grandes espaços que vi
depois em Linhares, com a correlata liberdade de que já falei.
Em Cachoeiro vivíamos
fechados.
Numa das vezes papai me
levou para ver as grandes manilhas que ele trazia para o IBC, Instituto
Brasileiro do Café, situado no bairro que depois levou seu nome (o de nº. 33 no
mapa acima), manilhas que tinham o dobro da minha altura, uma coisa
impressionante. De uma outra vez fomos ao cocuruto de um morro que estava sendo
aplainado por imensas máquinas para a construção de uma escola: de lá
descortinei grandes horizontes e fiquei chocado com a largura do mundo, que
imenso que ele era!
É assim, as
experiências das crianças as marcam para sempre, com efeitos benéficos (como os
meus) ou nefastos (como de outras, que sofrem). Não digo que sigam os passos do
meu pai e da minha mãe, porque cada caso é diferente, mas isso de levar os
filhos é muito importante, o que peço pelas crianças que ainda são e pelas que
vão ser.
Vitória, agosto de
2005.
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