A Nação Degenerada
Como, no modelo,
coloquei nação como cultura ou povelite ou língua (no sentido mais vasto existe
uma NAÇÃO LUSA), evidentemente a degeneração da língua portuguesa (como se vê
no Brasil, com a adoção generalizada e equivocada de neologismos estrangeiros)
significa a degeneração da nação brasileira, do povelite brasileiro, da cultura
brasileira.
Na realidade tudo é degeneração,
descriação do passado e geração do futuro, regeneração. Em termos do modelo teríamos
avanço, salto e reavanço, as condições da dialética. Nada que admirar, nada que
temer, é assim mesmo, a própria língua de agora - que admiramos - é degenerada
daquela do passado que vemos como esquisita. Há também a luta pela
sobrevivência e seleção da língua mais apta, como já escrevi.
A questão não é bem essa.
É de o povelite TOMAR A LÍNGUA COMO
SUA e desenvolvê-la, atingir a maioridade lingüística, que é maioridade
psicológica (maioridade das figuras ou psicanálises, maioridades dos objetivos
ou psico-sínteses, maioridade das produções ou economias, maioridade das
organizações ou sociologias, maioridades dos espaçotempos ou geo-histórias). É
só isso, maioridade, enfrentamento, controle das condições de vida.
E é nesse sentido a nação brasileira
está enfraquecida, perdeu até mesmo o mínimo de resistência que tinha diante do
estrangeiro. Até mesmo a dignidade lingüística que tinha esfumaçou,
desvaneceu-se; estamos envergonhados de nossa língua! O povo enfraqueceu e
perdeu o rumo. As elites reforçaram sua dependência do poder central. Não têm
nenhum projeto autônomo, de abrasileiramento desta porção do universo. Ambos,
povo e elites estão sendo invadidos desavergonhadamente pelos estrangeirismos.
IMAGIN/ARES
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A defesa da língua é a defesa do
PRÓPRIO, do nosso direito de expressar o universo (e, para os religiosos, Deus)
do nosso modo próprio e não rendidos ao modo estrangeiro, segundo o oportunismo
das elites interessadas unicamente em lucros a qualquer custo. As 30 moedas das
elites, pagas pela sua traição, levam a esse estado de confusão e auto-rejeição
que aparece em toda adoção de dizeres estrangeiros, o que vem rolando desde
1500, em razão da rejeição da língua tupi (que também não era mais nacional que
o português, pois foi trazida pelos índios nas levas de 15 e 12 mil anos
atrás). Sempre adotando línguas estrangeiras e seus costumes (franceses,
ingleses, americanos, agora símbolos japoneses nas tatuagens). Auto-rejeição,
não passa disso.
Vitória, agosto de 2005.
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