segunda-feira, 20 de novembro de 2017


A Nação Degenerada

 

                            Como, no modelo, coloquei nação como cultura ou povelite ou língua (no sentido mais vasto existe uma NAÇÃO LUSA), evidentemente a degeneração da língua portuguesa (como se vê no Brasil, com a adoção generalizada e equivocada de neologismos estrangeiros) significa a degeneração da nação brasileira, do povelite brasileiro, da cultura brasileira.

Na realidade tudo é degeneração, descriação do passado e geração do futuro, regeneração. Em termos do modelo teríamos avanço, salto e reavanço, as condições da dialética. Nada que admirar, nada que temer, é assim mesmo, a própria língua de agora - que admiramos - é degenerada daquela do passado que vemos como esquisita. Há também a luta pela sobrevivência e seleção da língua mais apta, como já escrevi.

A questão não é bem essa.

É de o povelite TOMAR A LÍNGUA COMO SUA e desenvolvê-la, atingir a maioridade lingüística, que é maioridade psicológica (maioridade das figuras ou psicanálises, maioridades dos objetivos ou psico-sínteses, maioridade das produções ou economias, maioridade das organizações ou sociologias, maioridades dos espaçotempos ou geo-histórias). É só isso, maioridade, enfrentamento, controle das condições de vida.

E é nesse sentido a nação brasileira está enfraquecida, perdeu até mesmo o mínimo de resistência que tinha diante do estrangeiro. Até mesmo a dignidade lingüística que tinha esfumaçou, desvaneceu-se; estamos envergonhados de nossa língua! O povo enfraqueceu e perdeu o rumo. As elites reforçaram sua dependência do poder central. Não têm nenhum projeto autônomo, de abrasileiramento desta porção do universo. Ambos, povo e elites estão sendo invadidos desavergonhadamente pelos estrangeirismos.

IMAGIN/ARES


A defesa da língua é a defesa do PRÓPRIO, do nosso direito de expressar o universo (e, para os religiosos, Deus) do nosso modo próprio e não rendidos ao modo estrangeiro, segundo o oportunismo das elites interessadas unicamente em lucros a qualquer custo. As 30 moedas das elites, pagas pela sua traição, levam a esse estado de confusão e auto-rejeição que aparece em toda adoção de dizeres estrangeiros, o que vem rolando desde 1500, em razão da rejeição da língua tupi (que também não era mais nacional que o português, pois foi trazida pelos índios nas levas de 15 e 12 mil anos atrás). Sempre adotando línguas estrangeiras e seus costumes (franceses, ingleses, americanos, agora símbolos japoneses nas tatuagens). Auto-rejeição, não passa disso.

Vitória, agosto de 2005.

Nenhum comentário:

Postar um comentário