O
Faturamento do Prefeito
No meio popular
faturamento é tanto o que uma empresa faz quanto “ganhar por meio ilícito”; diriam
que “fulano faturou uma grana preta”, quer dizer, ganhou muito dinheiro
ilegitimamente.
O atual prefeito de
Vitória, indagado como conseguiu, iniciando sua vida como balconista de loja,
evoluir com salários de deputado estadual e federal a ponto de conseguir uma
casa na Ilha do Boi (ou Ilha do Frade), uma das “regiões chiques” da burguesia
da capital, respondeu que sabendo administrar o que ganha. Só que o salário
líquido de deputado não passa de 10 mil; se poupar metade, o que é muito
difícil, levaria muito tempo para amealhar o milhão necessário para ter uma
mansão: por ano teria 60 mil e em 20 anos 1.200 mil. Seria preciso investigar.
Em todo caso a
imprensa divulgou que de 70 municípios capixabas SÓ UM não estava encontrando
problemas com a Procuradoria da República, quer dizer, pouco mais de 1 %. Na
mesma proporção dos 5,5 mil municípios brasileiros menos de 80 estariam isentos
de roubalheira. É do maior interesse alguém investigar a fundo e revelar dados
confiáveis sobre os prefeitos e as prefeituras, porque se a instituição estiver
falida será preciso dar fim a ela ou reinventá-la.
Quer dizer que a
cada quatro anos temos que passar de pobres a ricos 5.400 prefeitos e mais
milhares de asseclas (porque eles não fazem as coisas sozinhos: é preciso
secretários e tesoureiros e outros participantes). Não sabemos quantas dezenas
de milhares de corruptos a cada período eleitoral o país deve enriquecer.
Alguns ficam oito anos com a chance de reeleição e roubam o dobro. São
folclóricos os casos que circulam a boca pequena. Eles não ganham só o que é
deles, ganham o dos outros também. E aí faltam estradas, educação, hospitais,
serviços públicos variados, praças e parques, usinas de tratamento de esgoto,
proteção ecológica e tantas outras coisas de que sentimos falta.
Seria muito
interessante elaborar esse livro, separando em gigantes (como São Paulo, Rio de
Janeiro e outras metrópoles), grandes, médias, pequenas e microprefeituras
(estas também, porque os casos mais escandalosos podem até se dar nestas, dado
que nelas o volume a roubar é pequeno, mas não a ganância dos bandidos).
Vitória,
segunda-feira, 20 de junho de 2005.
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