Generais
Redutores
|
Os generais são durinhos, acostumados a rígida
disciplina, pelo menos nas nações centrais, porque nas periféricas participam
constantemente de golpes e contragolpes. Talvez demorem 20 anos para atingir o
posto mais baixo do generalato, mais 10 anos para chegar a general de quatro
estrelas (porque o general de cinco estrelas é o marechal; não existe mais nas
nações industrializadas, só nas suburbanas como o Brasil; era chamado de
“marechal de campo”, “marechal de exército” ou “marechal de guerra”; o nome vem
de mareskalk, o cavalariço do rei). Quando chegam a esse posto mais elevado
estão a ponto de se aposentar integralmente aos 30 anos de serviço (chamam de
“passar à reserva”).
Depois de três décadas obedecendo à hierarquia o ânimo deles
é redutor. Se chegarem ao poder civil o pensamento que carregam é o de vigiar e
desconfiar de todos, algo deveras daninho, pois contrai o número de problemas
que, deduzimos, é o indutor de futuro, aquilo que abre o funil para mais e
maior acumulação. O resultado geral de sua presença é o apequenamento do país.
A presença deles intimida, paralisa as divergências, subtrai a diversidade,
estreita os caminhos. Podem até nem ser assim pessoalmente, mas a instituição
os caracteriza como tais.
Acaso tenham surgido à margem da instituição é pior
ainda, porque agora restam os atos voluntariosos, quer dizer, as contínuas
expressões da vontade, sem quaisquer limites, pois graduaram a si mesmos e não
há nenhuma restrição ao império de si.
É porisso que em geral os generais no poder são redutores
e a mera presença deles significa estreitamento dos caminhos. Onde quer que
apareçam sempre fecham o cenário, exceto se as próprias instituições são
destruídas, como acontece com os grandes conquistadores (Napoleão, Alexandre,
Gêngis Kahn, César e outros). Nesse caso, todas as margens tendo sido
destruídas interna e externamente calha de - não existindo limites - as pessoas
e os ambientes se espalharem.
Vitória, segunda-feira, 08 de agosto de 2005.
Nenhum comentário:
Postar um comentário