domingo, 22 de outubro de 2017


Generais Redutores


 




Os generais são durinhos, acostumados a rígida disciplina, pelo menos nas nações centrais, porque nas periféricas participam constantemente de golpes e contragolpes. Talvez demorem 20 anos para atingir o posto mais baixo do generalato, mais 10 anos para chegar a general de quatro estrelas (porque o general de cinco estrelas é o marechal; não existe mais nas nações industrializadas, só nas suburbanas como o Brasil; era chamado de “marechal de campo”, “marechal de exército” ou “marechal de guerra”; o nome vem de mareskalk, o cavalariço do rei). Quando chegam a esse posto mais elevado estão a ponto de se aposentar integralmente aos 30 anos de serviço (chamam de “passar à reserva”).

Depois de três décadas obedecendo à hierarquia o ânimo deles é redutor. Se chegarem ao poder civil o pensamento que carregam é o de vigiar e desconfiar de todos, algo deveras daninho, pois contrai o número de problemas que, deduzimos, é o indutor de futuro, aquilo que abre o funil para mais e maior acumulação. O resultado geral de sua presença é o apequenamento do país. A presença deles intimida, paralisa as divergências, subtrai a diversidade, estreita os caminhos. Podem até nem ser assim pessoalmente, mas a instituição os caracteriza como tais.

Acaso tenham surgido à margem da instituição é pior ainda, porque agora restam os atos voluntariosos, quer dizer, as contínuas expressões da vontade, sem quaisquer limites, pois graduaram a si mesmos e não há nenhuma restrição ao império de si.

É porisso que em geral os generais no poder são redutores e a mera presença deles significa estreitamento dos caminhos. Onde quer que apareçam sempre fecham o cenário, exceto se as próprias instituições são destruídas, como acontece com os grandes conquistadores (Napoleão, Alexandre, Gêngis Kahn, César e outros). Nesse caso, todas as margens tendo sido destruídas interna e externamente calha de - não existindo limites - as pessoas e os ambientes se espalharem.

Vitória, segunda-feira, 08 de agosto de 2005.

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